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Exército do Líbano dispara contra 2 drones de Israel no sul do país

28/08/2019 16h18

Beirute, 28 ago (EFE).- O Exército do Líbano informou nesta quarta-feira que abriu fogo contra dois drones israelenses que teriam cruzado a chamada Linha Azul, a fronteira entre os dois países demarcada pela ONU em junho de 2000.

Em comunicado reproduzido pela Agência Nacional de Notícias (ANN), militares libaneses disseram que os aviões tripulados voltaram em direção à Israel após os disparos, mas não informaram se os equipamentos foram atingidos. Segundo a nota, os drones sobrevoaram um centro militar próximo à cidade de Adeisseh, no sul do país, por volta das 19h35 (13h35 em Brasília).

"Outro drone sobrevoou Kfarkela por um tempo, mas em breve deixou o espaço aéreo libanês e voltou para as terras ocupadas", disse o Exército do Líbano. Não há informações se houve disparos contra este terceiro drone de Israel por parte dos libaneses.

Questionado pela Agência Efe sobre a possível invasão do espaço aéreo do Líbano, o Exército de Israel se limitou a responder que ainda está "analisando os detalhes".

O incidente ocorre em um momento de tensão entre os dois países. Há três dias, dois drones caíram sobre bairros do sul de Beirute, um reduto controlado pelo Hezbollah. O líder do grupo xiita libanês, Hassan Nasrallah, acusou Israel pela ação e prometeu que derrubaria todos os aviões não tripulados do governo vizinho que entrassem no território do Líbano.

O Hezbollah afirmou que os drones estavam carregados de explosivos. Um deles destruiu parcialmente um escritório de informação do grupo na capital do Líbano.

Até o momento, ninguém reivindicou posse dos drones.

Nasrallah ressaltou em discurso que Israel não está usando drones apenas para coletar informações, mas sim para realizar "ataques, explosões e assassinatos", como teria ocorrido no domingo. O líder do Hezbollah classificou a ação contra o grupo de "atentado suicida".

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, pediu calma a Nasrallah, mas enviou uma alerta ao Líbano, sugerindo que o governo vizinho "tenha cautela" em suas palavras e ações.

Antes da sugestão de Netanyahu, o presidente do Líbano, Michel Aoun, havia classificado o ataque israelense contra o sul de Beirute como uma "declaração de guerra".

A cidade de Adeisseh fica no sul do Líbano, muito próxima à Linha Azul, demarcada pela ONU para certificar a retirada de Israel do território do país vizinho em 2000, um movimento que determinou o fim de uma ocupação de 22 anos.

Desde 2006, a Força Interina das Nações Unidas do Líbano (UNIFIL) atua apoiando as Forças Armadas do Líbano para garantir a estabilidade e a segurança da área, cumprindo a resolução 1701 da ONU que pôs fim à guerra entre Israel e Hezbollah naquele ano. O Brasil comanda o componente marítimo da UNIFIL, a chamada Força-Tarefa Marítima, e mantém na região cerca de 250 militares.

Líbano e Israel não mantêm relações diplomáticas, formalmente estão em guerra e até hoje, após vários conflitos armados na fronteira, não assinaram um cessar-fogo permanente.

O governo do Líbano acusa Israel de violar as fronteiras do país diariamente, seja por ar, terra ou mar. Em parte das ocasiões, aviões israelenses dispararam ataques contra a Síria a partir do espaço aéreo libanês. EFE