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China rejeita proposta dos EUA para negociar tratado trilateral após INF

29/08/2019 09h11

Pequim, 29 ago (EFE).- Pequim rejeitou nesta quinta-feira a proposta de Washington de negociar um novo tratado trilateral sobre a eliminação dos mísseis de alcance intermediário e de menor alcance (INF) que inclua China, EUA e Rússia, por não ser "justa nem razoável".

Em 2 de agosto, o governo dos EUA deixou o tratado INF que assinou com a Rússia durante a Guerra Fria e convidou a China a fazer parte de "uma nova era de controle de armas" que inclua outras nações com potentes forças militares.

A este anúncio se uniu o posterior lançamento americano de um míssil de cruzeiro com um alcance de mais de 500 quilômetros duas semanas depois de deixar o tratado INF.

"A China participar de negociações trilaterais não é justo e nem razoável. OS EUA são o país com maior arsenal nuclear, devem aceitar a responsabilidade no controle de armas e criar condições para que outros países participem do desarmamento nuclear ao invés de se retirar dos tratados tão facilmente", disse hoje o porta-voz do Ministério de Defesa chinês Ren Guoqiang em entrevista coletiva.

O porta-voz lembrou que "pouco depois de os EUA se retirar do tratado, começou a testar mísseis. Isto prova que suas ações não casam com suas palavras. Tudo isto não fará mais do que aumentar os riscos na região e minar a estabilidade", garantiu.

"Pedimos aos EUA que abandonem a mentalidade de guerra fria e os jogos de 'soma zero', se moderem no desenvolvimento de seu armamento e façam mais pela estabilidade no mundo", acrescentou Ren.

O porta-voz garantiu que "a China segue uma política militar defensiva" e que seu desenvolvimento de armamento nuclear "é muito restrito", se mantendo a um "nível mínimo" para garantir suas necessidades para "proteger a nação".

"A China trabalha ativamente em acordos de controle de armas sob os marcos de trabalho das Nações Unidas e das potências nucleares. Qualquer acordo deste tipo deve levar em conta as capacidades militares dos países e seguir o princípio de que a segurança dos países não pode ser ultrapassada", disse Ren.

O tratado INF, assinado pelos EUA e pela Rússia em 1987, estipulava a destruição por parte dos signatários dos mísseis balísticos e de cruzeiro, lançados desde terra, de curto e médio alcance, ou seja com categorias de entre 500 e 5.500 quilômetros.

Pequim não faz parte de nenhum tratado de desarmamento e, atualmente, possui a "maior força de mísseis e mais diversa do mundo, com um estoque de mais de 2 mil mísseis balísticos e de cruzeiro", garantiu em abril de 2017 diante do Senado o ex-chefe do Comando do Pacífico das Forças Armadas dos EUA, Harry Harris. EFE