Ex-secretário da OEA afirma que Bolsonaro "é uma vergonha para o Brasil"
Santiago, 4 set (EFE).- O ex-secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, criticou nesta quarta-feira o presidente Jair Bolsonaro pelas declarações que fez sobre a ditadura no Chile e o classificou como uma "vergonha".
"(Bolsonaro) é uma vergonha para o Brasil e para a região, mas acredito que não há muito o que fazer, senão protestar", disse Insulza a jornalistas, ao comentar as declarações do presidente sobre a alta comissária da Organização da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, e a ditadura chilena de Augusto Pinochet.
Já o ex-ministro das Relações Exteriores chileno, Heraldo Muñoz afirmou que Bolsonaro "é um presidente que não está à altura do grande povo brasileiro" e que "muitos brasileiros devem se sentir envergonhados do seu presidente".
"As declarações de Bolsonaro revelam que ele não entende das normas de um Estado de Direito e o respeito universal aos Direitos Humanos", acrescentou Muñoz, presidente do Partido pela Democracia (PPD).
Mais cedo, Bolsonaro respondeu de forma dura a declarações da ex-presidente chilena nas quais criticou a violência policial e a situação dos direitos humanos no Brasil.
"A senhora Michelle Bachelet se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro na época", escreveu Bolsonaro no Facebook.
Insulza, membro do Partido Socialista chileno e ex-ministro durante os mandatos de Eduardo Frei Ruiz-Tagle e Ricardo Lagos, disse que "Bolsonaro demonstrou uma capacidade impressionante de insultar as pessoas" e que, portanto, o fato de ele aproveita "mais uma vez para felicitar Pinochet" não me parece estranho.
"Uma vez (Bolsonaro) disse que o problema (do Chile) é que Pinochet tinha matado pouca gente. Disse isso sendo deputado no Congresso brasileiro", destacou Insulza.
Por isso, o ex-ministro chileno concluiu que fica "indignado" e "incomodado" com as palavras de Bolsonaro, mas que elas não o surpreendem.
Finalmente, disse esperar que governo chileno, liderado por Sebastián Piñera, reaja as palavras de Bolsonaro, e que o presidente se desculpe com o Chile, embora não acredite que isso aconteça. EFE
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