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Díaz-Canel descarta novo período especial, mas admite crise de combustíveis

11/09/2019 22h24

Havana, 11 set (EFE).- O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, reconheceu nesta quarta-feira que o país vive uma crise de combustíveis, anunciou medidas para amenizar a situação, mas garantiu que a economia não passa por um novo "período especial", como ocorreu na década de 1990.

O abastecimento de combustível na ilha foi interrompido ontem. O próximo navio petroleiro aguardado pelo governo cubano tem chegada prevista para o sábado. Depois disso, a expectativa é que novos desembarques só ocorram no fim do mês.

Em discurso transmitido em rede nacional de televisão, Díaz-Canel explicou as medidas que serão tomadas pelo governo para conter a crise, que afeta especialmente os estoques de diesel.

Segundo ele, a crise é provocada devido à pressão dos Estados Unidos sobre as transportadoras e seguradoras para evitar que a ilha seja abastecida por petróleo, especialmente produzido pela Venezuela, principal parceiro econômico do governo cubano.

"Aprovamos medidas de ajuste e de economia para que o combustível que entrará nesta semana dure até o que chegará no fim do mês. Vamos trabalhar com o combustível que já entrou na economia", disse Díaz-Canel.

O presidente cubano tentou tranquilizar a população e afirmou que os contratos para outubro estão sendo negociados. Enquanto isso, o país vai priorizar atividades essenciais para a população, como o sistema de transporte de cargas e passageiros.

Mais cedo, o ministro da Economia, Alejandro Gil, citou entre as medidas a possível mudança do horário de funcionamento de algumas empresas. A ideia é reduzir o nível de atividade industrial em horário de pico. Para isso, o governo disse esperar contar com a compreensão dos trabalhadores.

"Nada é improvisado, estamos trabalhando há vários meses", afirmou Gil.

No discurso feito hoje, Díaz-Canel garantiu que o país não vive um novo período especial, termo usado para se referir à grave crise economia que atingiu Cuba na década de 1990. Na época, o governo foi obrigado a suspender parcialmente o transporte público - quase todo movido à diesel.

Díaz-Canel afirmou que a situação é conjuntural e pediu aos cubanos para poupar energia até que a crise se resolva. O presidente cubano aproveitou o discurso para criticar o governo de Donald Trump, ao afirmar que a Casa Branca está atuando com "mais agressividade" em relação a Cuba e tem um "plano genocida" para reduzir a qualidade de vida na ilha.

Os blecautes constantes na época do "período especial" também foram descartados por Díaz-Canel. Segundo o presidente cubano, o país produz a quantidade necessária de barris para atender 40% de sua demanda por petróleo, o suficiente para cobrir as necessidades do setor energético.

Apesar das críticas aos EUA, a situação é provocada em parte pela situação da Venezuela. Antes mesmo do aumento da pressão da Casa Branca, o abastecimento à ilha já não era constante devido à crise econômica enfrentada pelo parceiro, o que afeta a produção de petróleo da estatal PDSVA.

A falta de diesel fez vários postos de Havana fecharem as portas nos últimos dias. Nos locais onde ainda há combustível, longas filas foram formadas pelos cubanos.

O problema afeta a mobilidade. Mais pessoas estão recorrendo aos ônibus urbanos, mas algumas linhas já foram cortadas. O transporte gratuito oferecido a funcionários de empresas estatais, por exemplo, foi suspenso. EFE