Fala de Macron sobre imigração gera críticas em campos opostos da política
O presidente da França, Emmanuel Macron, vem recebendo críticas nesta terça-feira, após apresentar posicionamento mais duro sobre a imigração, que rendeu oposição de partidários de extrema-direita, de esquerda e também de integrantes de organizações humanitárias.
A poucos dias da abertura do debate no Parlamento sobre a nova lei de imigração, que está previsto para o próximo dia 30, o chefe de estado afirmou ontem, durante reunião do partido Em Marcha, que é preciso ser mais firme, em particular, no amparo aos refugiados.
"Não podemos desviar o olhar deste assunto", afirmou Macron, que completou dizendo que o assunto beneficiou a extrema-direita durante anos.
O líder francês, que recentemente trocou farpas públicas com o presidente Jair Bolsonaro, defendeu que existe a ameaça do partido que integra se tornar "burguês", já que aos integrantes da elite a imigração não é um tema sensível, por não estarem nas ruas. Além dos grupos privilegiados, Macron também disparou contra a esquerda.
"Não quis enfrentar o problema durante décadas. As classes populares estão migrando para a extrema-direita", disparou.
O governo avalia que o número de processos de asilo seguem em disparada na França, enquanto caem no restante da Europa. Em 2017, foram 100 mil registros, enquanto este ano a expectativa é de 130 mil.
Segundo Macron, o aumento se dá pela desorganização existente no país, e também pela atuação de máfias.
O discurso, para analistas, pode marcar um endurecimento na política de concessão de asilos na França. Já são feitas comparações, inclusive, com a atuação do ex-presidente Nicolas Sarkozy, do campo político conservador.
A líder de extrema-direita Marine Le Pen afirmou nesta terça-feira que, às vésperas de eleições, o antecessor de Macron já havia levantado o tema da imigração, sem, no entanto, atuar de forma firme contra ela.
Da esquerda, as críticas contra o atual presiente é de que ele está assumindo um discurso de quem sempre se opôs.
"Ao adotar o lado do Agrupamento Nacional, o presidente Macron, que queria ser um muro, se transforma numa passarela para esse partido de extrema-direita", afirmou o líder socialistas, Olivier Faure.
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