Assembleia da ONU debaterá tensões entre EUA e Irã e crise climática
Mario Villar.
Nações Unidas, 19 set (EFE).- As Nações Unidas receberão na próxima semana a maior parte dos líderes mundiais com uma ampla agenda, marcada sobretudo pelas tensões no Golfo Pérsico e a necessidade de os países agirem o quanto antes contra a mudança climática.
Cerca de 140 líderes, entre chefes de Estado e de Governo, participarão em Nova York dos debates anuais da 74ª Assembleia Geral da ONU e de uma série de cúpulas e fóruns paralelos.
As pautas das discussões diplomáticas nesta arena vêm sendo preparadas há vários meses, mas os temas mais recentes se sobrepõem. Por exemplo, os recentes ataques com drones a duas refinarias sauditas acentuaram a crise entre os Estados Unidos e o Irã e fizeram deste assunto o mais urgente entre os que serão debatidos.
"Este é o momento de acalmar tensões, e não há nenhum lugar onde isso seja mais importante do que no Golfo", disse a jornalistas o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Para o diplomata português, os ataques às instalações petrolíferas estatais sauditas representam uma "escalada dramática" que deve acabar o quanto antes.
Sobre a autoria dos ataques, Guterres se limitou a lembrar que foi reivindicada pelos rebeldes houthis do Iêmen - sem entrar nas acusações dos Estados Unidos de que eles teriam sido cometidos pelo Irã - e anunciou que especialistas da ONU vão investigar o ocorrido.
O presidente americano, Donald Trump, anunciou que vai aumentar as sanções contra o Irã e que não hesitará em atuar contra o país se considerar necessário. Já o governo iraniano ameaçou responder de forma "arrasadora e imediata" a qualquer agressão.
Desde a chegada de Trump ao poder, a relação entre EUA e Irã piorou, especialmente com a desistência americana do acordo internacional selado em 2015 para conter o programa nuclear iraniano.
A Assembleia Geral chegou a cogitar a possibilidade de uma primeira aproximação entre os dois países, com Trump alimentando as expectativas de uma reunião com o presidente iraniano, Hassan Rohaní, mas por enquanto ela está rejeitada por Teerã.
França, Reino Unido e Alemanha, as potências europeias que se mantém no pacto nuclear, tentarão aproveitar as reuniões na ONU para fazer pontes entre EUA e Irã.
O conflito no Iêmen - estreitamente vinculado à crise no Golfo -, a guerra na Síria e outros conflitos estarão mais uma vez na agenda dos líderes durante as reuniões em Nova York, mas não são esperados grandes avanços.
A tensão entre a Venezuela e a Colômbia também promete ser um assunto a ser discutido na próxima semana, apesar de que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ser uma baixa de última hora. Guterres já antecipou que vai aproveitar a Assembleia Geral para falar com os dois países e pedir uma trégua.
Além de tensões geopolíticas, outra prioridade para a ONU é a luta contra a crise climática, um assunto que terá a própria cúpula na segunda-feira, na qual a organização espera o anúncio de novos compromissos concretos por parte de países e coalizões.
"Estamos perdendo a corrida contra a mudança climática", frisou Guterres, que deixou claro aos líderes que não quer discursos vazios neste tema e cobrou ações. EFE
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