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ONU denuncia mortes de civis no Afeganistão às vésperas das eleições

26/09/2019 10h03

Cabul, 26 set (EFE).- A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama, sigla em inglês) denunciou nesta quinta-feira o alto número de mortes de civis no país asiático, nesses dias que antecedem as eleições presidenciais que serão realizadas no próximo sábado.

"O desprezo pela vida civil demonstrado pelas partes em conflito nos últimos dias, especialmente com ataques indiscriminados, é assustador", disse o diretor da Unama, Tadamichi Yamamoto, em comunicado.

"Os civis devem ser protegidos no Afeganistão", afirmou.

O pedido de atenção da Unama acontece após uma série de ataques reivindicados pelos talibãs contra atos e escritórios eleitorais.

Um homem-bomba matou pelo menos 30 pessoas e feriu outras 51 ao detonar sua carga explosiva perto de um comício do presidente afegão, Ashraf Ghani, no último dia 17, na província de Parwan, de acordo com o balanço da agência da ONU.

Um segundo ataque talibã contra um hospital na província de Zabul causou 25 mortos e 93 feridos na última sexta-feira, segundo a Unama, um número que as autoridades afegãs elevam para 39 mortos e 184 feridos, enquanto vários bombardeios das forças americanas, também na semana passada, deixaram pelo menos 20 vítimas civis, segundo fontes confiáveis da agência.

Em relação a estes ataques, Yamamoto disse que "o único caminho a seguir para o Afeganistão é um diálogo que conduza à paz".

Vários líderes afegãos, como o ex-presidente Hamid Karzai, expressaram sua preocupação nas últimas semanas com a instabilidade em que o país após o pleito, se os candidatos perdedores acusarem o vencedor de fraude, como foi o caso nas eleições de 2014.

Hoje, o governo afegão colocou as forças de segurança em alerta máximo para garantir a realização das eleições presidenciais, após novas ameaças dos talibãs.

"Desde hoje, 72 mil membros das forças de segurança afegãs estão em alerta e foram mobilizados em todas as assembleias de voto nas 34 províncias", disse Nasrat Rahimi, porta-voz do Ministério do Interior, à Agência Efe.

Soldados, policiais e agentes do setor de inteligência foram destacados em 4.942 colégios eleitorais em todo o país, e 9.884 mulheres estão entre as tropas encarregadas para oferecer segurança as eleitoras.

Outros 30 mil membros das forças de segurança estão na reserva para responder a possíveis ataques dos talibãs.

Como parte das medidas de segurança, as entradas de caminhões e vans em Cabul foram proibidas a partir de hoje. Além disso, a passagem da fronteira com o Paquistão em Turkham, no leste do país, será fechada amanhã e no sábado. EFE