Ex-funcionário diz em delação que Alan García recebeu dinheiro da Odebrecht
Lima, 17 out (EFE).- Um antigo secretário pessoal do ex-presidente do Peru Alan García afirmou ao Ministério Público do país, em acordo de delação premiada, que houve pagamento da Odebrecht para o político, que se suicidou em abril deste ano.
As informações do depoimento prestado por Luis Nava foram publicadas nesta quinta-feira pelo portal "IDL - Reporteros". O ex-funcionário de García, que presidiu o Peru entre 1985 e 1990 e depois entre 2006 e 2011, está preso preventivamente há seis meses.
Nava confirmou na delação um pagamento feito pela Odebrecht de US$ 4 milhões (R$ 16,5 milhões, em valores atuais), que foram depositados em uma conta bancária aberta em Andorra.
Segundo o antigo secretário, García chegou a receber dinheiro das mãos de Jorge Barata, ex-diretor-executivo da empreiteira brasileira no Peru. Na maioria das vezes, as notas eram enviadas em malas, mochilas.
Nava contou que a primeira vez que soube dos pagamentos para o ex-presidente foi em um jantar, em que Barata levou US$ 150 mil, que foram utilizados para financiar a campanha de García.
O ex-diretor da Odebrecht no Peru visitou, de acordo com o delator, a sede do Partido Aprista, do qual o antigo chefe de estado pertencia, em cinco ou seis oportunidades. A cada vez que chegava ao local, Barata levava US$ 60 mil.
Quando estava eleito, García recebeu o antigo representante da empreiteira até 19 vezes, sempre para deixar alguma maleta ou mochila.
A versão de Nava é que Barata pagou ao ex-presidente US$ 60 mil em 31 de dezembro de 2006; US$ 600 mil em 6 de abril de 2007; e US$ 20 mil em 27 de setembro de 2007, e que ainda houve presentes como relógios de luxo, como das marcas Rolex e Patek Phillippe.
O ex-secretário ainda contou que em determinada ocasião, recebeu uma maleta que deveria entregar para García, mas que não poderia abrí-la, já que a senha só era conhecia por Barata e García. Além disso, revelou que ambos falavam em códigos em alguns momentos.
Nava explicou que em outro momento, o ex-presidente o orientou a pedir uma transferência bancária de US$ 20 mil para comemorar o aniversário do chefe de governo, sendo que US$ 2 mil foram apenas para a compra de bebidas alcoólicas.
Em entrevista ao "Canal N", o advogado do antigo funcionário de García, Raúl Noblecilla, admitiu que o cliente está participando "ativamente" nas investigações do Ministério Público.
Outro ex-secretário pessoal de García, Ricardo Pinedo, criticou Nava por atacar a memória de um morto, alegando ainda que a defesa de García não está tendo acesso aos autos.
O antigo presidente se matou em abril, com um tiro na cabeça, quando iria ser detido pela polícia, sob a acusação de ter recebido propina da Odebrecht e de ter cometido crime de lavagem de dinheiro.
García sempre garantiu ser inocente no caso, em que é apontado como recebedor de US$ 24 milhões da Odebrecht, para que a companhia conseguisse o direito de construir a Linha 1 do Metrô de Lima. EFE
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