Parlamento votará amanhã resolução que defende autodeterminação da Catalunha
As principais forças políticas da Catalunha entraram em acordo nesta terça-feira para continuarem a defender no Parlamento regional o reconhecimento da autodeterminação como única solução para o impasse político com o governo da Espanha.
A Juntos pela Catalunha - coalizão liderada pelo ex-presidente da comunidade autônoma Carles Puigdemont -, a Esquerda Republicana da Catalunha e a Candidatura de Unidade Popular assinaram uma resolução na qual criticam a condenação à prisão de nove líderes independentistas pelo Tribunal Supremo da Espanha (TS) por insurreição e desvio de verbas públicas.
A resolução será submetida a votação nesta quarta-feira, mas a aprovação é dada como certa, já que o bloco independentista conta com maioria no Parlamento regional.
De acordo com fontes do governo da Espanha, a resolução pode conter "abordagens que já foram rejeitadas pelo Tribunal Constitucional do país". O documento, no entanto, teria sido redigido de forma a não ser enquadrado como crime de desobediência à justiça.
Não há, até o momento, qualquer posicionamento formal do presidente do governo, Pedro Sánchez, ou de qualquer outro representante do Poder Executivo sobre o texto elaborado pelas principais correntes independentistas.
"O governo atua quando há decisões tomadas pelo plenário, não sobre anúncios, propostas ou declarações de intenções", afirmou uma fonte que pediu anonimato.
O novo pacto entre a Juntos pela Catalunha, a Esquerda Republicana da Catalunha e a Candidatura de Unidade Popular foi feito uma semana depois da divulgação da sentença do Tribunal Supremo contra alguns dos organizadores do referendo separatista de outubro de 2017, que gerou uma declaração unilateral do Parlamento regional de independência. Todo o processo foi considerado inconstitucional pelo governo espanhol.
Diálogo com Pedro Sánchez
O distanciamento entre o governo da Espanha e as autoridades regionais cresce enquanto o atual presidente da comunidade autônoma da Catalunha, Quim Torra, vem afirmando que a recusa de Sánchez de responder seus contatos "não é um bom sinal de vontade de dialogar".
"Pelo quarto dia consecutivo, voltei a telefonar para o presidente Sánchez, mas ele voltou a não atender. Acho que, após este quarto dia, a irresponsabilidade é crescente", disse Torra em entrevista coletiva.
O chefe de governo da Espanha, no entanto, afirmou que não aceita conversar com Torra enquanto o presidente regional não falar primeiro com os catalães, "principalmente, com os que não pensam como ele".
Sánchez, inclusive, cobrou que Torra primeiro se manifeste contra a violência nos protestos na região e que divulgue uma mensagem de solidariedade aos membros das forças de segurança da Espanha que estão atuando na Catalunha.
"Primeiro a lei, depois o diálogo", declarou o presidente do governo.
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