Trump gera polêmica racial ao tachar processo de impeachment de "linchamento"
Washington, 22 out (EFE).- O presidente americano, Donald Trump, gerou nesta terça-feira uma nova polêmica racial ao comparar a investigação do processo de impeachment a um "linchamento", termo que nos Estados Unidos é muito associado aos assassinatos e enforcamentos de negros por motivos racistas.
"Um dia, se um democrata se tornar presidente e os republicanos ganharem a Câmara dos Representantes, mesmo que por uma diferença pequena, podem submeter o presidente a um impreachment sem o devido processo nem justiça ou direitos legais. Todos os republicanos devem lembrar o que estão vendo aqui: um linchamento", escreveu Trump no Twitter.
Essa comparação foi condenada imediatamente pela oposição democrata, que acusou o presidente de "soltar uma bomba racial" para distrair o eleitorado, segundo a líder da bancada negra do Congresso, Karen Bass.
"Você está comparando um processo constitucional com a tortura brutal PREVALENTE e SISTEMÁTICA de pessoas NESTE PAÍS que se pareciam comigo?", escreveu Bass na mesma rede social.
Os linchamentos de negros eram comuns assassinatos por motivos racistas no sul dos EUA durante o século XIX e a primeira metade do XX. A prática foi caindo gradualmente após o movimento dos direitos civis na década de 1960.
A palavra está associada no imaginário coletivo americano aos negros enforcados em árvores. Calcula-se que mais de 4.700 pessoas morreram em linchamentos entre 1882 e 1968, incluindo 3.446 negros, segundo o Instituto Tuskegee, no estado do Alabama.
O congressista negro de maior prestígio na Câmara dos Representantes, o democrata James Clyburn, disse que estava pensando em impulsionar um votação no plenário para condenar oficialmente as declarações de Trump, que "não são dignas do escritório do presidente".
O vice-secretário de imprensa da Casa Branca, Hogan Gidley, defendeu Trump ao declarar que o presidente estava simplesmente descrevendo os "ataques incessantes" que havia sofrido.
"O presidente não está comparando o que ocorreu com um dos momentos mais nefastos da história americana", disse Gidley em declarações aos jornalistas na Casa Branca.
Gidley reconheceu que "muita gente costuma estar em desacordo com o que o presidente diz", mas alegou que não importa tanto se as declarações são ofensivas para os negros porque Trump "fez muito por eles" em relação a oportunidades econômicas.
Um dos principais aliados de Trump no Senado, o republicano Lindsey Graham, defendeu o uso da palavra "linchamento" porque, segundo ele, o processo movido pelos democratas contra o presidente é "antiamericano".
O único senador negro do Partido Republicano, Tim Scott, confessou "não teria usado" a mesma palavra que Trump, mas diminuiu importância do assunto. O líder republicano na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, se pronunciou no mesmo sentido. EFE
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