Topo

"Não deveriam apoiar um terrorista", diz China sobre prêmio Sakharov

25/10/2019 09h02

Pequim, 25 out (EFE).- O governo chinês lamentou nesta sexta-feira o anúncio do prêmio Sakharov de liberdade de consciência para o professor e ativista dos direitos da minoria uigur Ilham Tohti, que em 2014 foi condenado à prisão perpétua na China por separatismo.

"É problemático o Parlamento Europeu premiar um criminoso. Não deveriam apoiar um terrorista. É um criminoso condenado pelos tribunais chineses", afirmou em entrevista coletiva a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying.

A visão de Pequim é radicalmente diferente da que foi expressada na quinta-feira pelo presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, ao anunciar o ganhador do prêmio, que inclui 50 mil euros.

"Tohti fez muito para melhorar o entendimento entre a minoria uigur e os han (a etnia majoritária) na China e foi condenado à prisão perpétua. O Parlamento Europeu expressa o apoio absoluto ao seu trabalho e espera que as autoridades chinesas o libertem imediatamente", declarou Sassoli.

A candidatura de Tohti foi impulsionada pelo grupo parlamentar Renovar a Europa e obteve o apoio do Partido Popular Europeu, dos Reformistas e Conservadores Europeus e dos Verdes.

Tohti completa 50 anos nesta sexta-feira. Promotor do entendimento entre os uigures da região de Xinjiang e a maioria han, o ativista já havia recebido em 2016 o prêmio Martin Ennals para defensores dos direitos humanos, considerado o equivalente ao prêmio Nobel desse âmbito.

Professor titular de Economia da Universidade Minzu, em Pequim, especializada em minorias étnicas, Tohti foi condenado por separatismo por um tribunal de Xinjiang, região noroeste da qual procede e onde habita a etnia uigur, de religião muçulmana, que diz se sentir discriminada no país frente aos han.

Tohti tinha criado um site para divulgar informações da comunidade uigur, na qual fomentava o entendimento entre esta etnia e a han, e às vezes criticava as políticas do governo em Xinjiang, embora com uma visão moderada.

Três ativistas brasileiros também concorriam ao prêmio Sakharov: o líder indígena Raoni Metuktire, a ambientalista Claudelice dos Santos e Marielle Franco, vereadora do PSOL assassinada em 2018. EFE