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As eleições na Espanha em 5 pontos

08/11/2019 16h06

Rafael Cañas

Madri, 8 nov (EFE) - Os espanhóis estão convocados às urnas no próximo domingo nas quartas eleições gerais em quatro anos, depois que nas realizadas em 28 de abril deste ano não não houve uma maioria suficiente e que os partidos políticos não conseguiram fechar acordos para formar governo.

Estas serão as principais chaves para as eleições na Espanha:

  • Participação

Diante da persistência do bloqueio político, muitos espanhóis têm se demonstrado cansados da incapacidade dos líderes de partidos políticos de chegar a acordos e formar um governo estável.

Nas eleições de abril, houve uma participação de 75,75%, a mais alta dos últimos anos. Para este domingo, porém, as pesquisas apontam uma abstenção maior e muito indecisos.

Normalmente na Espanha, a maior participação favorece a esquerda e vice-versa. Portanto, o nível de abstenção pode ser fundamental para os resultados.

  • Catalunha

Os protestos independentistas na Catalunha e a ameaça de grupos radicais de boicotear os centros de votação na região pairam sobre a jornada eleitoral deste domingo.

As pesquisas indicam que os eleitores catalães poderiam eleger mais deputados independentistas do que nunca, incluindo representantes do grupo antissistema CUP, que entraria no Congresso pela primeira vez. Até 25 deputados de um total de 350 poderiam ser independentistas catalães, o que complicaria ainda mais a formação de uma maioria que governe em nível nacional.

Além disso, as sondagens indicam que a maior visibilidade da violenta independência catalã também pode favorecer o partido de extrema-direita Vox no restante da Espanha.

  • Pedro Sánchez contra o bloqueio

O presidente do governo atual e líder do Partido Socialista (PSOE), Pedro Sánchez, venceu em abril, com 123 deputados, mas não conseguiu apoio parlamentar para revalidar a permanência no poder.

As pesquisas apontam que o PSOE poderá voltar a vencer, mas sem conquistar melhorias em relação a abril, de forma que o bloqueio político poderia continuar.

Sánchez baseou a campanha no fato de que seu partido seria o único que poderia vencer e que por isso deveria receber apoio dos eleitores para que o país saia do atraso. Caso não tenha convencido muitos votantes, o bloqueio provavelmente persistirá.

Entre os outros grandes partidos, tampouco houve avanços em fórmulas ou compromissos para buscar uma saída para o labirinto em que a política espanhola se meteu.

  • Desaceleração econômica

O contexto destas eleições é diferente das de abril não apenas pela violência na Catalunha, mas também pela desaceleração econômica.

Embora a Espanha continue tendo um crescimento econômico superior ao da zona do euro, todos os indicadores apontam para uma desaceleração, e as cifras divulgadas nesta semana não foram animadoras: esfriamento da criação de empregos e redução da previsão de crescimento feita pela Comissão Europeia de 2,3% para 1,9%.

Os analistas econômicos concordam que o risco de uma recessão grave é muito baixo, mas o país ainda não conseguiu sanar muitas das feridas sociais deixadas pela grave crise iniciada em 2008.

  • Possível ascensão da ultra-direita, divisão na esquerda

Grande parte das pesquisas indica uma queda dos liberais do Ciudadanos (C's) e que muitos de seus eleitores passaram para o ultradireitista Vox, que ganharia votos graças a questões como o independentismo na Catalunha.

O crescimento poderia catapultar a Vox como o terceiro partido com mais deputados, algo inédito na vida política espanhola.

Na esquerda, o PSOE e a coalizão Unidas Podemos poderia sofrer uma redução devido, em parte, pela decepção por não ter conseguido um acordo e pela aparição do Más País, formado por dissidentes da UP. É preciso ver se a divisão será prejudicial ou ajudará a conquistar indecisos.

Nos dois casos, entra em jogo o peculiar sistema eleitoral espanhol, que premia os grandes partidos em nível nacional, mas também favorece as províncias menos povoadas frente às mais populosas, o que costuma beneficiar os partidos de direita. EFE