Dólar atinge alta recorde no Chile e deixa governo em alerta
Santiago (Chile), 12 nov (EFE).- A cotação do dólar no Chile alcançou nesta terça-feira a marca de 800 pesos, o nível mais alto da história, dado que ligou o alerta no governo chileno e no Banco Central.
Apesar da alta histórica, a cotação caiu ao longo do dia, com o dólar sendo negociado a 778,90 pesos às 16h (mesmo horário de Brasília).
A greve geral convocada por vários setores do país teve grande adesão nesta terça-feira, dia que também conta com a continuidade dos protestos por melhoras no país. O governo disse estar disposto a criar uma nova Constituição através de uma Assembleia Constituinte.
Por volta do meio-dia, o dólar chegou a 800 pesos, o que motivou o Banco Central a emitir um comunicado para expressar que atuará para retomar a normalidade ao mercado financeiro e que tem instrumentos para isso.
A alta do dólar foi acompanhada por uma forte queda da bolsa, cujo principal índice, IPSA, registrou uma queda de 3,6% pela manhã, a segunda maior desde o início dos protestos no país, que chegarão à quarta semana consecutiva.
PREOCUPAÇÃO DO GOVERNO.
O ministro da Fazenda, Ignacio Briones, afirmou que esta desvalorização do peso chileno "é um sinal de inquietação" que o governo está seguindo atentamente.
"Marca uma preocupação e é fundamental que nós, chilenos, façamos um esforço para contribuir para a normalidade do país. Se voltar a vida cotidiana, as empresas voltarão a funcionar normalmente e os trabalhadores voltarão a trabalhar cotidianamente", comentou o ministro.
Briones explicou que esta situação do peso chileno em relação ao dólar "tem impacto nos preços, na inflação e em uma parte importante dos bens que consumimos".
De acordo com o ministro, "quando um país está funcionando com metade da capacidade, está produzindo pela metade", e essa menor atividade "tem um rosto concreto" que é o das pessoas que temem perder o emprego.
"Esse é o sentimento de responsabilidade que devemos ter porque precisamos impedir que ocorra a qualquer custo", enfatizou.
O ministro também destacou que as manifestações pacíficas já passaram a sua mensagem e estão ecoando nas medidas que tanto o governo como a oposição estão elaborando.
"Mas é importante entendermos que nossos atos, todos, têm consequências na economia e, particularmente, nos setores mais vulneráveis", frisou.
BANCO CENTRAL DISPOSTO A AGIR.
O Banco Central emitiu um comunicado para destacar que esta volatilidade do preço do dólar "é esperada em um contexto de maior incerteza, como a observada" no atual contexto social do Chile, mas que "deve contrastar com os fundamentos da economia".
O órgão ressaltou que o país conta com um "sistema financeiro solvente, uma baixa exposição cambial dos agentes econômico, uma situação fiscal sólida, um nível adequado de reservas internacionais e fundos soberanos, expectativas de inflação ancoradas em 3% e uma política monetária que foi se adaptando oportunamente às circunstâncias".
Além disso, mostrou confiança que os acordos políticos alcançados em matérias tributárias e orçamentárias "devem reduzir os níveis de incerteza atual".
Caso isso não ocorra, o Banco Central recordou que pode "agir frente a situações anormais" e que "conta com uma variedade de ferramentas para fazê-lo", sem dar mais detalhes. EFE
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