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Evo Morales acusa OEA de estar "a serviço do império americano"

13/11/2019 15h43

Cidade do México, 13 nov (EFE).- O ex-presidente da Bolívia Evo Morales acusaou nesta quarta-feira a Organização dos Estados Americanos (OEA) de estar "a serviço" dos Estados Unidos e facilitar a atual crise política no país sul-americano ao denunciar irregularidades na apuração dos votos nas eleições de 20 de outubro, nas quais ele venceu em primeiro turno em meio a acusações de fraude feitas pela oposição.

"A OEA não está a serviço dos povos latino-americanos e menos ainda dos movimentos sociais. Está a serviço do império americano", disse Morales em entrevista coletiva no México, onde desembarcou ontem, como asilado, dois dias após renunciar à presidencia boliviana.

Na manhã de domingo, quando ainda estava no poder, Evo Morales chegou a anunciar a repetição das eleições presidenciais depois de a OEA divulgar que uma auditoria detectou irregularidades no pleito no qual Morales conseguiu o quarto mandato consecutivo.

Algumas horas depois, ele anunciou a renúncia após quase 14 anos no poder e aceitou o asilo oferecido pelo México.

Nesta quarta-feira, no Museu da Cidade do México, Evo Morales defendeu sua vitória nas eleições de 20 de outubro e, sobretudo, adotou um tom duro em relação à oposição e a OEA, a quem acusou de permitir o que ele chamou de "golpe de Estado".

Ele alegou que, quando os dois acusaram as eleições de fraudulentas, não considerava "nenhum problema" que organizações internacionais e instituições verificassem a lisura do processo, entre eles a OEA. Por outro lado, viu uma atitude suspeita na forma de a entidade agir.

Morales argumentou que foi acertado que a OEA divulgaria ontem um relatório oficial, mas, a pedido da organização, a data seria transferida para hoje, 13 de novembro. Entretanto, no domingo, "de madrugada e surpreendentemente", foi feito o anúncio de um relatório preliminar que, segundo ele, quando foi analisado por sua equipe, tinha "mais interpretação do processo do que ocorreu no dia da eleição".

"A OEA tomou uma posição política, e não técnica ou jurídica", disse Morales.

O ex-presidente afirmou ainda que tentou falar com o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, para advertí-lo das consequências desse relatório e a situação de insegurança que geraria.

Ontem, em entrevista, Almagro disse que quem cometeu um "golpe de Estado" na Bolívia foi Evo Morales, a quem acusou de ter tentado "roubar" as eleições de outubro. EFE