Oposição chilena apresenta acusação constitucional contra Piñera
Santiago, 19 nov (EFE).- Um grupo de deputados da oposição chilena apresentou, nesta terça-feira, uma acusação constitucional contra o presidente Sebastián Piñera por sua suposta responsabilidade por violações de direitos humanos cometidas por agentes estatais no contexto da eclosão da crise social no país.
O documento é assinado por parlamentares do Partido Socialista (PS), do Partido pela Democracia (PPD), do Partido Comunista (PC) e da Frente Ampla (FA), todos de esquerda.
Carmen Hertz, deputada do Partido Comunista, afirmou que a acusação constitucional contra Piñera responde às "graves violações, repetidas, generalizadas e sistemáticas dos direitos fundamentais das pessoas executadas por agentes do Estado" desde que os protestos se intensificaram, no dia 18 do mês passado.
A acusação constitucional é um procedimento previsto na lei que autoriza os deputados a iniciar um julgamento político contra uma autoridade e pode resultar na destituição ou desqualificação do acusado.
Para que o mecanismo tenha sucesso, é preciso uma maioria absoluta na Câmara dos Deputados - metade mais um dos votos - e uma maioria de dois terços no Senado.
Carmen Hertz acrescentou que os abusos da polícia e das Forças Armadas nos protestos "violaram claramente a Constituição e as leis" e apelou ao fim da "impunidade política, moral e social" que, em sua opinião, estimulou as manifestações, algumas muito violentas com saques e incêndios.
A violência dos protestos deixaram pelo menos 23 mortos - cinco deles supostamente pelas mãos de agentes - e 2.381 feridos hospitalizados, dos quais 222 têm graves lesões nos olhos, segundo o último relatório do Instituto Nacional de Direitos Humanos (NHRI) do estado.
O deputado socialista Jaime Naranjo admitiu que a acusação constitucional provavelmente não terá apoio suficiente para avançar no Congresso, embora tenha destacado que isso ajudará Piñera e os próximos presidentes chilenos a saberem que nunca mais aceitarão às violações dos direitos humanos. EFE
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