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Houve "toma lá, da cá" por ordem de Trump em relação a Kiev, diz embaixador

20/11/2019 14h06

Washington, 20 nov (EFE).- O embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, Gordon Sondland, disse nesta quarta-feira que o presidente americano Donald Trump, ordenou, através de seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, o "quid pro quo", expressão que significa o popular "toma lá, da cá", em relação à Ucrânia, condicionando a ajuda militar ao país a uma investigação sobre a família do ex-vice-presidente e possível rival eleitoral Joe Biden.

"O senhor Giuliani estava expressando os desejos do presidente dos EUA, e sabíamos que essas investigações (sobre Biden) eram importantes para o presidente", disse Sondland, durante testemunho no Congresso dentro da investigação liderada pelos democratas para abrir um julgamento político contra Trump devido à pressão sobre a Ucrânia.

Sondland também reconheceu a existência do "canal paralelo" que este ano redefiniu a política de Washington em relação a Kiev, formada por ele, pelo secretário de Energia, Rick Perry, e pelo enviado especial para a Ucrânia, Kurt Volker. O eixo é conhecido como "os três amigos" e, seguindo as ordens de Trump, coordenou a política para Kiev com Giuliani.

"O secretário Perry, o embaixador Volker e eu trabalhamos com Rudy Giuliani em assuntos ucranianos, sob a direção expressa do presidente dos Estados Unidos", afirmou.

Em seu depoimento, Gordon Sondland confirmou a existência do "quid pro quo", uma expressão latina que significa dar algo em troca de algo mais e que está no centro da investigação.

"Houve 'quid pro quo?' Com relação à chamada solicitada da Casa Branca e da reunião da Casa Branca, a resposta é sim", disse o diplomata em seu depoimento inicial.

Essas declarações surpreenderam a bancada republicana, pois esperavam que o testemunho de Sondland protegesse os interesses de Trump.

A expectativa pelo testemunho de Sondland aumentou nas últimas semanas pois, depois de negar qualquer negligência em sua aparição inicial a portas fechadas, ele disse aos investigadores que os outros testemunhos tinham "revigorado sua memória" e reconheceu que ele próprio tinha se comunicado em setembro ao governo ucraniano que não entregariam ajuda até que investigassem os democratas.

As audiências são retransmitidas inteiramente na televisão, diante da expectativa gerada entre a opinião pública e dentro da marcada polarização política no país.

As investigações da Câmara dos Representantes buscam determinar se Trump bloqueou intencionalmente a entrega de ajuda militar de US$ 400 milhões à Ucrânia para obter uma investigação em Kiev sobre os negócios de Biden e seu filho Hunter naquele país. EFE