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Londres convoca embaixador chinês por denúncias de tortura contra funcionário

20/11/2019 09h31

Londres, 20 nov (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, informou nesta quarta-feira que convocou o embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, após a denúncia de um ex-funcionário do consulado do Reino Unido em Hong Kong onde ele afirma ter sido torturado na China.

Simon Cheng, cidadão da ex-colônia britânica e que trabalhou por dois anos no governo do Reino Unido, ficou na China por 15 dias durante o mês de agosto.

O funcionário de 29 anos disse à emissora britânica "BBC" que ficou "acorrentado", com os olhos vendados e "encapuzado", além de ser espancado e forçado a assinar confissões.

De acordo com seu testemunho, as autoridades chinesas o acusaram de incentivar protestos políticos em Hong Kong.

O chanceler britânico disse hoje à "BBC" que o governo ficou "surpreso e horrorizado" após tomar conhecimento do testemunho de Cheng e destacou que o tratamento recebido por ele se "equivale a tortura".

"Simon Cheng era um membro valioso de nossa equipe. Convoquei o embaixador chinês para expressar nossa indignação pelo tratamento brutal e vergonhoso recebido por Simon, violando as obrigações internacionais da China", disse Raab.

"Deixei claro que esperamos que as autoridades chinesas investiguem e que os responsáveis sejam responsabilizados", acrescentou o ministro, sem revelar quando a reunião ocorreu.

O funcionário explicou que as autoridades chinesas o consideravam "inimigo do Estado" e "traidor", além de querer conhecer o suposto envolvimento do Reino Unido nos protestos no antigo território britânico.

"Eles me perguntaram que tipo de apoio, dinheiro e equipamento estávamos dando aos manifestantes. Eu disse a eles que queria deixar 100% claro de que o Reino Unido não alocou recursos nem ajudou nos protestos", afirmou.

Dezenas de jovens ativistas anti-governo permanecem trancados pelo quarto dia consecutivo dentro de um campus universitário em Hong Kong, com a polícia os cercando sob a ameaça de serem presos quando saírem. EFE