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Irã segue com lento restabelecimento do acesso à internet após protestos

22/11/2019 12h29

Teerã, 22 nov (EFE).- A conectividade à internet segue em um nível muito baixo no Irã nesta sexta-feira, restrita a empresas e instituições, 24 horas depois do início da restauração ao acesso, que ficou bloqueado com o objetivo de evitar a organização de protestos populares.

De acordo com a plataforma NetBlocks, que supervisiona as conexões feitas pelos usuários e a censura à rede, até o momento só se alcançou 15% dos níveis normais de conectividade.

O número é apenas 2% superior ao que foi registrado ontem, quando foi identificado o início da restauração do acesso. Empresas dos arredores de Teerã confirmaram à Agência Efe que estavam voltando a contar com o serviço.

O Conselho Supremo de Segurança Nacional, órgão encarregado pela decisão de bloquear a internet, informou a aprovação da conectividade para as linhas fixas em algumas áreas, segundo apurou ontem a agência de notícias semioficial "Fars".

Muitos moradores das províncias de Hormozgan, Kermanshah, Arak, Mashad, Qom, Tabriz, Hamedan, Bushehr e de parte de Teerã, no entanto, admitiram que embora estivessem dentro da determinação de retomada do acesso, ainda seguiam sem sinal.

As informações veiculadas hoje pela NetBlocks apontam que a primeira fase de restabelecimento da conectividade foi voltada a usuários como empresas, universidades, centros de pesquisa, organizações religiosas, escritórios governamentais, meios de comunicação, entre outros.

Na cidade de Shiraz e em localidades no oeste da província de Teerã, onde os protestos foram mais intensos, no entanto, a internet segue bloqueada desde o último sábado.

Desde a decisão de interromper o serviço, os usuários só conseguem acessar sites do governo iraniano, sem conseguir qualquer conexão com páginas externas ou aplicativos, como o Whatsapp.

As manifestações no Irã começaram a partir da alta dos preços dos combustíveis, que variaram de 50% a 300% no país. Na última sexta-feira e sábado, diversos atos foram realizados, segundo o governo local, a partir de divulgação nas redes sociais.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou a medida e garantiu que o Irã bloqueou o acesso à internet para ocultar "as mortes e a tragédia" provocada pelos próprios governantes.

Segundo a Anistia Internacional, pelo menos 106 manifestantes morreram desde a última sexta-feira, em cerca de 20 cidades do país. O governo local nega o número, embora não divulgue balanço próprio. EFE