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Johnson e Corbyn são únicos com condições de vencer eleições no Reino Unido

Brexit e NHS têm dominado os debates entre os líderes dos dois principais partidos, o conservador Boris Johnson (à esquerda da foto) e o trabalhista Jeremy Corbyn (à direita) - Getty Images
Brexit e NHS têm dominado os debates entre os líderes dos dois principais partidos, o conservador Boris Johnson (à esquerda da foto) e o trabalhista Jeremy Corbyn (à direita) Imagem: Getty Images

Londres (Reino Unido)

11/12/2019 17h11

O conservador Boris Johnson e o trabalhista Jeremy Corbyn são os únicos líderes de partidos que podem se tornar primeiro-ministro do Reino Unido depois das eleições desta quinta-feira.

Apesar disso, outras legendas serão essenciais para facilitar a montagem do governo que sairá das urnas no pleito antecipado devido às negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o processo conhecido como o Brexit.

Johnson, o defensor do Brexit

Caricato e bufão, Johnson é o favorito nas pesquisas para vencer as eleições, em parte pela clara mensagem de concluir o Brexit no dia 31 de janeiro usando o acordo negociado por ele em outubro.

Depois de chegar ao poder sem passar pelas urnas, substituindo Theresa May, que renunciou ao cargo de primeira-ministra e à liderança do Partido Conservador, Johnson anseia por obter uma maioria absoluta que o permita dar sequência ao seu plano de governo, em parte bloqueado pela oposição na Câmara dos Comuns.

Para neutralizar o Partido do Brexit, com quem rechaçou uma aliança, Johnson promoveu uma guiada à direita entre os conservadores. O discurso populista foi acrescido de propostas de aumento do gasto público, algo pouco comum entre os "tories", em uma tentativa rebater as promessas de Corbyn.

Alexander Boris de Pfeffel Johnson nasceu em 19 de junho de 1964 em Nova York, mas sua família britânica voltou pouco depois ao Reino Unido.

Johnson estudou na Universidade de Oxford e, antes de se eleger deputado em 2001, foi jornalista do "The Times", de onde foi demitido por inventar uma citação, e do "The Daily Telegraph", no qual promoveu o euroceticismo como correspondente em Bruxelas.

Como colunista, Johnson foi acusado de classismo, sexismo, homofobia e racismo ao criticar, entre outros, africanos e muçulmanos.

Oportunista e carismático, Johnson foi entre 2008 e 2016 prefeito de Londres, tradicionalmente um reduto trabalhista. E, depois de apoiar a saída do Reino Unido da UE no referendo de 2016, foi nomeado por May como ministro de Relações Exteriores, cargo do qual se demitiu no ano passado por preferir um Brexit mais duro do que o negociado pela ex-chefe.

Em menos de cinco meses no cargo de premiê, Johnson foi acusado pela Suprema Corte do Reino Unido de suspender ilegalmente o parlamento durante cinco semanas para ter vantagem política. No entanto, isso não o prejudicou nas pesquisas.

Corbyn, o reformista

Com um programa de nacionalização, melhores serviços públicos e impostos para os mais ricos, Corbyn, que assumiu a liderança do Partido Trabalhista contra os prognósticos, quer governar para "transformar radicalmente a economia e a sociedade britânica".

O ponto frágil do veterano esquerdista é a postura ambígua sobre o Brexit assumida pelo Partido Trabalhista, que propõe renegociar o acordo de saída com a UE e submetê-lo a um novo referendo, no qual os britânicos poderiam votar por enterrar o Brexit e se manter no bloco. A legenda, segundo Corbyn, seria manteria neutra na votação.

Corbyn também sido prejudicado por ter sido acusado de promover o antissemitismo nas associações ao Partido Trabalhista, críticas que o fizeram a ganhar a oposição de alguns setores da comunidade judaica britânica. Outros, porém, acha que o assunto foi explorado por uma imprensa hostil e majoritariamente conservadora.

Com um projeto socialista, Corbyn conseguiu ampliar a base trabalhista para mais de 500 mil pessoas. Isso ocorreu, em partes, graças à conexão do candidato a premiê com os mais jovens.

Nascido em Chippenham em 26 de maio de 1949, Jeremy Bernard Corbyn é o quarto filho de um casal de pacifistas que se conheceram em uma reunião de ajuda ao grupo republicano na guerra civil da Espanha.

Corbyn estudou na Politécnica de Londres e, depois de trabalhar para vários sindicatos, entrou na política em 1974, quando foi eleito conselheiro do distrito de Haringey e tornou-se deputado em 1983.

Depois de três décadas como parlamentar, Corbyn foi escolhido líder do Partido Trabalhista em 2015 e reeleito em 2016, apesar da oposição de parte da cúpula da legenda, herdeira do ex-primeiro-ministro Tony Blair.

Vegetariano e abstêmio, Corbyn é casado com a mexicana Laura Álvarez, sua terceira esposa, e conhecido por seu apoio a causas como o desarmamento nuclear, os governos bolivarianos da América Latina e por se opor à ocupação de Israel na Palestina.

Swinson, a defensora da UE

Primeira mulher e pessoa mais jovem a liderar o Partido Liberal Democrata, Jo Swinson, de 39 anos, quer ampliar as 21 cadeiras que a legenda tem na Câmara dos Comuns. E sua mensagem é clara: ela quer interromper o Brexit com a revogação da ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa.

Apesar de quase não ter chances de vencer o pleito, o Partido Trabalhista, que foi punido pelos eleitores por governar em coalizão com os conservadores em 2010, poderia roubar votos pró-Europa dos "tories". A esperança é ter o maior número de deputados possível para se manter firme dentro do parlamento.

Sturgeon, a independista escocesa

A primeira ministra da Escócia, Nicola Sturgeon - Getty Images - Getty Images
A primeira ministra da Escócia, Nicola Sturgeon
Imagem: Getty Images

A líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP) e ministra principal do governo autônomo da região não concorre pessoalmente nestas eleições, mas sua legenda, majoritária na Escócia e desde 2015 a terceira força da Câmara dos Comuns, pude ser chave para facilitar um governo de orientação progressista.

Com as 35 cadeiras atuais, o SNP quer vencer todas as 59 cadeiras que a Escócia tem direito no parlamento britânico, o que permitiria dar impulso a dois dos grandes objetivos do partido: convocar um referendo sobre a independência da região em 2020 e revogar o Brexit, já que a maioria dos escoceses não apoia a saída da UE.

Sturgeon disse que jamais apoiaria um governo conservador, mas sugeriu que cogitaria abrir caminho para uma liderança trabalhista, ainda que não em coalizão. A condição é que o futuro primeiro-ministro permita um segundo plebiscito de autodeterminação.

Foster, a candidata da unidade britânica

O Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP), liderado por Arlene Foster, tem uma estratégia parecida com a do SNP e quer conquistar a maior parte das 18 cadeiras destinadas à região na Câmara dos Comuns.

A legenda protestante e ultraconservadora possibilitou desde 2017 o governo de minoria de May, mas as exigências feitas pelo DUP nas negociações do Brexit impediram a aprovação do acordo firmado pela ex-premiê no parlamento.

O DUP também é contrário ao pacto negociado por Johnson por considerar que, assim como o de May, ele ameaça a integridade territorial do Reino Unido. No entanto, o único partido da Irlanda do Norte que apoia o Brexit jamais se aliaria a um governo de Corbyn.

Farage, o maior crítico da UE

27.maio.2019 - Nigel Farage, líder do partido do Brexit - Reuters - Reuters
27.maio.2019 - Nigel Farage, líder do partido do Brexit
Imagem: Reuters

Ex-líder do quase extinto Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage fundou em janeiro o Partido do Brexit, que conseguiu eleger nada menos que 29 eurodeputados nas últimas eleições para a Eurocâmara.

Apesar de ser uma figura conhecida em todo o país, Farage não concorre pessoalmente nas eleições de quinta-feira e é difícil que o partido obtenha cadeiras na Câmara dos Comuns. No entanto, ele quer roubar votos de trabalhistas e conservadores para pressionar por uma saída rápida, limpa e completa da UE. EFE