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Polícia do Chile assume responsabilidade por abusos durante protestos

12/12/2019 15h24

Santiago (Chile), 12 dez (EFE).- O diretor dos Carabineiros do Chile, general Mario Rozas, reconheceu nesta quinta-feira a responsabilidade de alguns dos integrantes da polícia militarizada do país em abusos cometidos na repressão dos protestos que começaram em outubro.

Rozas prometeu sanções aos envolvidos nos abusos contra os manifestantes e informou em entrevista coletiva que há 856 investigações sumárias em andamento. Alguns dos inquéritos, segundo ele, já concluíram que há responsabilidade de integrantes da polícia.

O diretor dos Carabineiros do Chile citou explicitamente algumas dezenas de casos que chocaram a população durante a entrevista. Um deles foi o ocorrido no Liceo 7, uma escola do bairro Providencia, em Santiago, capital do país e principal palco dos protestos.

Agentes dos Carabineiros invadiram o colégio e dispararam balas de borracha contra os alunos, ferindo dois deles. Além disso, uma estudante foi usada como escudo por um policial durante os protestos.

A principal autoridade da polícia militarizada do Chile informou que sanções de caráter disciplinar serão aplicadas aos agentes que cometeram abusos. Segundo ele, cogita-se, inclusive a expulsão de alguns dos envolvidos nas cenas de violência contra os manifestantes.

Algumas das investigações também têm acompanhamento do Ministério Público. Rozas informou que elas estão na fase final de formulação das acusações contra os policiais e vão incluir as sanções institucionais anunciadas hoje na entrevista coletiva.

O Ministério Público do Chile apresentou um relatório no fim de novembro com um balanço das 2.670 investigações abertas por violações aos direitos humanos entre o período que vai de 18 de outubro, quando os protestos começaram, a 10 de novembro.

O número de casos é ainda maior, já que as manifestações contra o governo de Sebastián Piñera continuam e completaram hoje 56 dias.

Na coletiva, o general informou que os Carabineiros vão criar uma mesa de trabalho para modernizar a instituição. A ideia é realizar mais treinamentos e ter armas não letais mais tecnológicas que as atuais.

A crise social que afeta o Chile já deixou 24 mortos e 3.449 feridos, segundo dados do Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile (INDH). EFE