UE respira aliviada com resultados que permitem a conclusão do Brexit
Bruxelas, 13 dez (EFE).- A vitória do Partido Conservador por esmagadora maioria nas eleições desta sexta-feira foi um alívio para a União Europeia (UE), que temia passar grande parte de 2020 atolada no Brexit e agora espera uma ratificação rápida que permita a saída dos britânicos do bloco em 31 de janeiro.
Os resultados das eleições no Reino Unido, muito favoráveis aos interesses do atual primeiro-ministro, Boris Johnson, deixam para trás a herança recebida de Theresa May e sua forte dependência dos sindicalistas da Irlanda do Norte no Parlamento.
Johnson nem sequer será condicionado pelas pressões da ala mais eurofóbica do seu partido, e deve consiguir o apoio da Câmara dos Comuns para o seu acordo com a UE após mais de um ano de impasse.
Tanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, como o mandatário do Conselho Europeu, Charles Michel, concordaram na sexta-feira em parabenizar Johnson pela vitória e esperavam que o Parlamento britânico votasse "o mais rapidamente possível" o acordo de saída que ambas as partes selaram em outubro.
"Esperamos que a ratificação do acordo de saída seja concluída até janeiro", afirmou Von der Leyen, que afirmou que a Comissão está disposta a "espremer" o curto período de tempo disponível para a negociação da futura relação.
Ambos os dirigentes, que compareceram juntos diante da imprensa depois de participarem da primeira cúpula europeia, afirmaram que, nessa fase das negociações que se iniciarão a partir de fevereiro - sobre a futura relação entre Reino Unido e UE - será fundamental manter a chamada "igualdade de condições", caso se pretenda manter a ligação mais próxima possível.
Von der Leyen ressaltou que a União Europeia busca uma relação comercial "sem tarifas, cotas ou concorrência desleal" e que há aspectos, como a cooperação em segurança, nos quais "já existem ligações muito confiáveis" e que só será necessário trabalhar para reforçar este vínculo, e não para construí-lo a partir do zero.
Essa nova negociação estava inicialmente prevista para durar quase dois anos, desde a data original do Brexit (março de 2019) até o final do período de transição (dezembro de 2020), mas os consequentes atrasos na saída efetiva do Reino Unido não adiaram, por sua vez, o final do período de transição, que está mantido até 31 de dezembro do ano que vem.
Na situação atual, se o Reino Unido deixar a UE em 31 de janeiro, os negociadores terão apenas 11 meses para definir os termos da nova relação entre as duas partes, em conversas que prometem ser complexas.
Em princípio, Johnson se recusa a pedir uma prorrogação do período de transição, embora Von der Leyen tenha advertido hoje que o curto período de tempo previsto é "um desafio".
"Enfrentamos o desafio de que temos pouco tempo. Temos 11 meses para negociar não apenas um acordo de livre-comércio, mas também educação, transporte, pesca. Há muitas outras questões nessa negociação", explicou.
Ursula von der Leyen acredita que, mesmo que o Reino Unido se torne um outro país, conseguirá selar "uma parceria sem precedentes".
"Este não é o fim de algo, mas o início de uma excelente relação entre bons vizinhos", acrescentou.
Outros líderes, como o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, concordaram com Von der Leyen e Michel sobre a necessidade de assegurar a igualdade de condições "para que o Reino Unido não se beneficie de vantagens indevidas". EFE
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