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Rebeldes ugandeses matam 11 no nordeste da República Democrática do Congo

16/12/2019 17h57

Kinshasa, 16 dez (EFE).- Uma nova ofensiva de rebeldes ugandeses das Forças Democráticas Aliadas (ADF) contra uma aldeia do nordeste da República Democrática do Congo deixou 11 mortos nesta segunda-feira, o que eleva para mais de 40 o número de assassinatos cometidos pelo grupo nos últimos cinco dias.

Segundo o porta-voz do Exército da República Democrática do Congo, Mak Hazukay, o ataque ocorreu perto da cidade de Kamango, próxima à fronteira da Uganda, quando os rebeldes fugiam.

"É difícil localizar os membros da ADF no momento. Estão na selva e o modo de operação deles tornou-se muito complicado para nós. Mas seguimos trabalhando com a população para encontrá-los", afirmou Hazukay.

Outros 28 civis foram mortos nas regiões de Ndombi e Rwangoma, ambas nos arredores da cidade de Beni, que fica perto de Kamango.

O Exército da República Democrática do Congo afirma que a ADF está "debilitada" graças à ofensiva realizada no fim de outubro em conjunto com a missão da ONU no país (Monusco).

Os militares dizem que integrantes da ADF foram expulsos de acampamentos construídos no chamado "triângulo da morte", muito perto da fronteira com Uganda.

No entanto, os ataques dos civis têm se multiplicado. Só em novembro, segundo o Centro de Estudos para a Promoção da Paz, da Democracia e dos Direitos Humanos, 153 pessoas foram mortas pela ADF.

De fato, a sede da Monusco em Beni foi saqueada por centenas de pessoas que protestavam contra a passividade da missão da ONU ao responder os ataques letais dos rebeldes ugandeses.

A ADF começou a campanha violenta em 1996 no oeste de Uganda para contestar o regime do então presidente do país, Yoweri Museveni. A pressão militar forçou os rebeldes a migrar para a região da fronteira com a República Democrática do Congo. Desde então, a região de complicado acesso tornou-se palco de ataques e saques.

Os exércitos dos dois países quase conseguiram acabar com a ADF no início da década de 2000, mas os rebeldes ugandeses não desapareceram por completo, se organizaram e começaram a se radicalizar.

Um estudo publicado no ano passado pelo Grupo de Pesquisa sobre o Congo, um projeto independente com sede na Universidade Nova York, revelou que a ADF tinha conseguido financiamento com o Estado Islâmico.

O grupo terrorista reivindicou vários dos ataques letais na província de Kivu do Norte, principal área de atuação dos rebeldes ugandeses, que, apesar disso, não seguem o modo de operação dos jihadistas. EFE