Governo paquistanês recorrerá contra condenação de ex-presidente à morte
O governo do Paquistão anunciou hoje que recorrerá ao Tribunal Supremo contra a condenação à morte do ex-ditador militar Pervez Musharraf, que mora em Dubai, e que denunciará o juiz que pediu na sentença para que o corpo fosse enforcado em público.
"O governo apresentará um recurso. Temos sérias preocupações com a conclusão do julgamento", disse Shahzad Akbar, assistente especial do primeiro-ministro, Imran Khan, em entrevista coletiva.
Akbar disse que o julgamento foi "precipitadamente concluído" e que "nunca houve um julgamento à revelia", portanto será apresentado um recurso.
O juiz Waqar Ahmed Seth será denunciado ao Conselho Supremo Judiciário pelo governo por ter pedido na sentença a suspensão do corpo do ex-militar em público durante três dias.
"Ele mostrou que é mentalmente incapacitado, que é incompetente. Ele não está apto a ser juiz de uma instância superior ou da Suprema Corte", comentou o ministro da Justiça, Farogh Naseem, na mesma entrevista.
Ahmed, um dos três juízes que condenaram o ex-mandatário, pediu para que o corpo permaneça pendurado em público por três dias caso seja capturado morto, segundo a decisão do tribunal. A decisão não será executada porque um dos outros dois juízes foi contra a pena de morte e o terceiro concordou com a pena, mas não com o enforcamento público do corpo.
Pouco antes do anúncio, o porta-voz do Exército, major Asif Ghafoor, classificou as palavras de Ahmed como "ataque contra a humanidade, a religião e a cultura".
O Exército, que governou o país durante a metade dos 72 anos de história e exerce grande influência mesmo em períodos democráticos, já defendeu o ex-presidente e ex-chefe das Forças Armadas, alegando que a condenação não seguiu o devido processo legal.
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