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Quem trata animais como filhos pode sofrer transtornos, diz pesquisador

08/01/2020 16h16

Cidade do México, 8 jan (EFE).- Os distúrbios psicológicos estão entre as possíveis alterações que uma pessoa que trata seus animais de estimação como filhos pode sofrer, disse Raúl Valadez Azúa, especialista da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

"Quando alguém trata um cachorro como se fosse humano, ele rompe com a interação homem-cão que foi formada há 20 mil anos", disse Raúl Valadez, pesquisador do Instituto de Pesquisa Antropológica da UNAM, através de comunicado divulgado nesta quarta-feira.

De acordo com o especialista, a introdução de um animal em um esquema que não faz parte de sua essência "afeta sua perspectiva e ele fica incapaz de procriar", pois não reconhece os membros de sua espécie como seus pares.

Ele ressaltou que essa nova tendência tem sido favorecida pelo consumismo e pelo individualismo e é resultado do isolamento pessoal, da insegurança e da cibercomunicação.

O pesquisador lamentou que na década de 1980, "os cães se tornaram um item comercial", pois quando você compra um, acaba comprando muitos objetos para ele também.

"Isso foi reforçado quando apareceram filmes onde eles eram os protagonistas. Todos queriam certas raças, independentemente de serem as mais adequadas para as necessidades da família", afirmou.

Raúl Valadez Azúa disse que a relação entre cão e humano data de 33,5 mil anos atrás e ficou mais próxima quando começaram a compartilhar atividades como caça, comida e território.

"A partir desse momento, o homem promoveu a formação de animais mais dóceis, obedientes e servil", afirmou.

Ele explicou que nesta sociedade, o homem sempre foi o líder, uma condição que os cães reconhecem sem dificuldade, "a menos que o primeiro não possua habilidades ou desista da liderança", afirmou.

Segundo dados do Conselho Nacional de População, desde 2000, milhares de jovens mexicanos preferem adotar animais do que ter filhos.

Enquanto o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi) informou que desde aquele ano, o número de nascimentos no país vem diminuindo.

De acordo com um estudo do Centro de Opinião Pública da Universidade de Valle do México, publicado em 2018, 60% dos lares mexicanos têm um animal de estimação e quase 70% dessas famílias os consideram como um membro o os tratam como tal.

O estudo também observa que o vínculo com eles é tão intenso que 57% os consideram emocionalmente muito próximos, 29% falam com eles e 26% sempre procuram conforto com seus animais quando estão tristes.

Além disso, 57% se sentem muito felizes quando chegam em casa e os encontram. EFE