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Procurador-geral do Panamá quer investigação eficaz sobre Odebrecht

21/01/2020 12h56

Panamá, 20 jan (EFE).- O caso Odebrecht foi reativado nesta segunda-feira no Panamá, disse à Agência Efe o novo procurador-geral do país, Eduardo Ulloa, que promove uma investigação abrangente e eficaz tanto da construtora brasileira quanto da empresa espanhola FCC pelo suposto pagamento de propinas em troca de contratos, além do ex-presidente Ricardo Martinelli.

Ulloa tomou posse em 2 de janeiro para um mandato de cinco anos depois que Kenia Porcell renunciou em meio a um escândalo de vazamento de conversas envolvendo o ex-presidente panamenho Juan Carlos Varela, o que a tornou alvo de dúvidas sobre imparcialidade e independência.

Em entrevista à Efe, Ulloa garantiu que a instrução que deu aos promotores anticorrupção foi acelerar os processos e chamar todos os envolvidos nos casos Odebrecht e FCC, independentemente do papel político ou relevância econômica, para que "os cidadãos sintam que a justiça está sendo feita".

RETIVAÇÃO DO CASO ODEBRECHT.

"O caso Odebrecht está sendo reativado, sua investigação está sendo reiniciada hoje, porque já foi notificada a resolução que concede a prorrogação" de cinco meses e oito dias aprovada neste mesmo mês por um Tribunal Superior que aceitou um recurso do Ministério Público, disse Ulloa.

A investigação sobre a construtora brasileira, que construiu projetos marcantes como o calçadão Cinta Costera e duas linhas de metrô na capital, foi interrompida por vários meses depois que um tribunal negou ao Ministério Público outra prorrogação, a segunda, para continuar as investigações.

"É um arquivo que tem 879 volumes", disse Ulloa, argumentando que a promotora Zuleika Moore ainda está a cargo do caso, e que "informações adicionais serão acrescentadas ao arquivo e as formulações das acusações serão feitas para outras pessoas, caso surjam provas".

Um relatório divulgado por Porcell antes de deixar o cargo indica que o caso Odebrecht começou em janeiro de 2017, que há 82 pessoas acusadas de lavagem de dinheiro, suborno internacional e corrupção, e que 16 pessoas aceitaram participar por meio de acordos de cooperação validados judicialmente.

Ulloa não descartou uma revisão do acordo alcançado pelo Ministério Público com a Odebrecht e validado por um tribunal panamenho, que inclui o pagamento de US$ 220 milhões pela construtora, pois, após o acordo, "surgiram informações sobre uma série de atividades da empresa no Panamá" que não foram levadas em conta.

"Temos mantido desde o início que o que os cidadãos querem é saber a verdade sobre tudo o que aconteceu aqui desde que a empresa chegou ao país", durante o governo de Martin Torrijos (2004-2009), "até o último projeto que eles têm desenvolvido", acrescentou Ulloa.