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MP de Nova York apresenta Weinstein como "monstro depredador"

22/01/2020 22h28

Nova York, 22 jan (EFE).- O Ministério Público do estado de Nova York apresentou nesta quarta-feira o produtor Harvey Weinstein como um "monstro predador" durante a abertura do julgamento por cinco crimes sexuais contra o cofundador da empresa de entretenimento Miramax, argumentando que ele se aproveitou de sua posição na indústria cinematográfica para ludibriar seis mulheres e depois abusar delas, em casos que aconteceram ao longo de duas décadas.

Durante cerca de duas horas, a promotora assistente Meghan Hast apresentou as histórias das duas supostas vítimas nas quais o caso se baseia, a produtora assistente Mimi Haleyi e uma aspirante a atriz chamada Jessica Mann, bem como as de outras quatro mulheres, incluindo a intérprete Annabella Sciorra, que serão chamadas como testemunhas junto com uma psiquiatra.

Sem omitir detalhes dos encontros, Hast denunciou que Weinstein seguiu um padrão de comportamento no qual colocava as jovens a prova para se aproveitar delas. E, sobre o consentimento alegado pelo produtor, afirmou que não é preciso enganar para ter sexo.

O dia de abertura dos argumentos no julgamento, no qual Weinstein enfrenta uma possível sentença de prisão perpétua, gerou tamanha expectativa que havia jornalistas posicionados desde as 4h30. Na primeira fila, estavam a prestigiosa advogada Gloria Allred, que defende Haleyi e Sciorra, e o promotor público de Manhattan, Cyrus Vance.

Weinstein, de 67 anos, chegou ao tribunal cedo e sem o habitual andador, mancando e com uma dificuldade visível em manter o seu equilíbrio ao ponto de momentaneamente agarrar o advogado à sua frente pelo casaco.

O produtor permaneceu em silêncio e abatido enquanto Hast pedia aos 12 jurados e três suplentes para ouvir as testemunhas com a mente aberta enquanto recontavam o que seria a realidade de como as vítimas agem na sequência de uma agressão sexual.

A promotora fez referência à relação contínua de algumas das supostas vítimas com Weinstein através de mensagens e e-mails, como a defesa já havia antecipado nesta terça-feira que aconteceria. Ela argumentou que as moças estavam sendo enganadas com a falsa promessa de ajuda de profissional e se sentiam presas.

O dia começou com uma reunião privada entre as partes e o juiz James Burke, que durou meia hora. Depois disso, os integrantes do júri entraram. Estava previsto que ainda hoje houvesse a apresentação de argumentos pelos advogados do produtor e possivelmente o depoimento de uma das testemunhas.