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EUA dizem que Reino Unido é primeiro da fila para acordo comercial pós-Brexit

30/01/2020 19h58

Guillermo Ximenis, Londres, 30 jan (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, afirmou nesta quinta-feira que o Reino Unido é o "primeiro da fila" para assinar um acordo comercial com o país depois da efetivação do "Brexit", a saída da União Europeia (UE), marcada para ocorrer amanhã.

O chefe da diplomacia americana se reuniu hoje com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em Londres, um encontro que ocorre pouco antes de os britânicos começarem a negociar a nova relação com o bloco europeu.

Desde a chegada de Donald Trump ao poder, a Casa Branca tem apoiado o Brexit. Inclusive, a declaração de Pompeo faz referência ao ex-presidente americano Barack Obama, que pouco antes do referendo que decretou a separação em 2016 disse que o Reino Unido passaria "para o fim da fila" das negociações de um acordo comercial com os EUA caso deixasse a UE.

Em entrevista à rádio "LBC", Pompeo explicou que a viagem a Londres visava exatamente ser o "pontapé inicial" do diálogo para selar um acordo com o governo de Johnson o quanto antes.

"Vai ser complicado e haverá muitos aspectos polêmicos. As duas equipes de negociação vão querer preservar coisas para seus próprios países. É assim que as negociações", antecipou Pompeo, que acha que os dois países serão capazes de superar os pontos difíceis no caminho.

O secretário de Estado não quis falar sobre um calendário completo para que os dois países cheguem a um acordo. No entanto, afirmou que a Casa Branca está disposta a trabalhar o mais rápido possível nessa direção.

"Vai custar um pouco, mas espero que no fim deste ano tenhamos feito progressos substanciais sobre um novo acordo e possamos começar a enfrentar os problemas mais difíceis", indicou.

A partir de 1º de fevereiro, o Reino Unido será um país externo à EU e terá liberdade para negociar tratados comerciais com outros países. Enquanto isso, o governo britânico terá que discutir com o bloco como serão as relações entre eles.

A visita de Pompeo também é marcada pela decisão do Reino Unido de permitir que a companhia chinesa Huawei participe do desenvolvimento da rede 5G no país, ainda que com limitações em áreas mais "sensíveis" da tecnologia.

Os EUA veem a participação da Huawei como um risco para a segurança e pediu que o Reino Unido reconsidere a decisão de permitir a participação da empresa chinesa. Pompeo, porém, garantiu que o assunto não abalará a "relação especial" entre Washington e Londres.

Os dois países participam de uma aliança de inteligência conhecida como Five Eyes (Cinco Olhos) junto com Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Os EUA temem que a rede fique comprometida caso o Reino Unido use equipamentos da Huawei.

"Alguns dos diretores dessas companhias são ligados ao Partido Comunista da China. Não é que pensamos que pode haver um 'backdoor' técnico, mas sim que há uma porta principal (para vazar informações)", acusou Pompeo.

Sobre a questão da Huawei, um porta-voz do governo britânico informou que Johnson destacou a Pompeo que é preciso que países com pontos de vistas similares trabalhem juntos para diversificar mercados e romper o domínio de um pequeno número de companhias.