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EUA retiram acusações contra Michael Flynn, ex-assessor de Trump

07/05/2020 22h26

Washington, 7 mai (EFE).- O Departamento de Justiça dos Estados Unidos, retirou nesta quinta-feira as acusações criminais que havia apresentado contra Michael Flynn, o primeiro assessor de Segurança Nacional do presidente Donald Trump, embora tenha se declarado culpado de mentir ao FBI sobre contatos com um diplomata russo.

Trump comemorou a notícia no Salao Oval da Casa Branca, onde afirmou que "muita gente vai pagar um alto preço" pela forma como lidou com o caso, em alusão aos procuradores e agentes do FBI que iniciaram a investigação nos últimos dias do mandato de Barack Obama.

"Era um homem inocente, um homem bom. O governo de Obama foi em cima dele com o objetivo de acabar com um presidente", disse Trump ao se referir a si mesmo.

"São a escória humana, é uma traição", acrescentou sobre os procuradores, ao opinar que a imprensa é "cúmplice" pela cobertura da trama russa e que deveria "devolver os prêmios Pulitzer" que recebeu.

A porta-voz do Departamento de Justiça, Kerri Kupec, confirmou pelo Twitter que o órgão "pediu ao tribunal para dispensar o caso contra o general Flynn", o que ainda depende da decisão de um juiz federal.

"INFORMAÇÃO RECÉM-DESCOBERTA".

Em documento apresentado nesta quinta-feira, o Departamento de Justiça afirmou que, depois de analisar "informações recém-descobertas", concluiu que a reunião do FBI com Flynn, em fevereiro de 2017, "foi desconectada da investigação do FBI" sobre esse funcionário e "foi injustificada".

O caso de Flynn foi um dos mais importantes gerados pela investigação sobre a chamada trama russa liderada pelo procurador especial Robert Mueller, que foi concluída em 2019 após terem sido apresentadas acusações contra diversas pessoas, mas sem provas de uma suposta conspiração eleitoral entre a equipe de Trump e a Rússia.

Flynn, um general que aconselhou Trump sobre política externa durante a campanha eleitoral, durou apenas 24 dias como conselheiro de Segurança Nacional do quando o republicano chegou ao poder, em janeiro de 2017.

O general foi obrigado a renunciar depois de se saber que mentiu ao vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e a outros altos cargos do governo sobre os seus contatos com o embaixador russo em Washington, Sergey Kislyak.

UM HERÓI NO UNIVERSO TRUMP.

No final de 2017, Flynn declarou culpado de ter mentido ao FBI sobre os seus contatos com Kislyak, mas depois retirou a alegação e tentou combater as acusações, enquanto os advogados argumentavam que houve negligência entre os procuradores e investigadores.

A ideia de que elementos rebeldes do FBI e do Departamento de Justiça decidiram perseguir Flynn por vingança política contra Trump circulam há muito tempo. E Trump não tinha descartado indultar o general caso este fosse condenado.

Críticos de Trump consideraram a notícia uma prova da politização do Departamento de Justiça sob o comando de William Barr e denunciaram uma "captura do sistema de justiça criminal em benefício do presidente", nas palavras do grupo Citizens for Accountability and Ethics em Washington.

James Comey, o ex-diretor do FBI demitido por Trump em maio de 2017, escreveu no Twitter que "o Departamento de Justiça perdeu a cabeça", mas pediu para que os funcionários de carreira do órgão permaneçam "porque os EUA precisam" deles.