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Médico sueco classifica de "terríveis" números de mortes por Covid-19 no país

24/06/2020 14h45

Copenhague, 24 jun (EFE).- O epidemiologista chefe da Autoridade Nacional da Saúde Pública da Suécia, Anders Tegnell, classificou nesta quarta-feira de "terrível" o número de mortes por Covid-19 no país e lamentou o alto número de óbitos registrados nas casas de repouso.

A Suécia, com uma estratégia mais suave, registrou 5.161 mortes, com uma taxa de 50,30 por 100 mil habitantes, cinco vezes mais que a Dinamarca, nove vezes a Finlândia e dez vezes do que a Noruega, mas abaixo da Espanha, Itália, Bélgica e Reino Unido.

"O número de mortes na Suécia é assustador e deveria ter sido evitado. Esse foi o pior da pandemia e a questão ainda me consume: o que mais poderíamos ter feito?", disse Tegnell, em um programa da rádio pública sueca.

Mais de 90% das mortes por Covid-19 na Suécia foram de pessoas com mais de 70 anos e metade do total vem de asilos.

"Acreditávamos que nossa sociedade segregada pela idade evitaria uma situação como a da Itália, onde muitas gerações vivem juntas. Mas ficou provado que estávamos muito errados. O número de mortos aumentou dramaticamente", afirmou.

Tegnell apontou as deficiências nos cuidados geriátricos, pessoal e material, também apontadas pelo governo vermelho-verde, aludindo à política do antigo governo de direita.

Como os outros países nórdicos, a Suécia não apostou no confinamento, embora se diferencie dos restantes por se inclinar de muitas recomendações e algumas proibições, mantendo por exemplo, bares, restaurantes e escolas abertos, embora com restrições.

O objetivo era reduzir os efeitos do vírus e proteger os grupos de risco, seguindo um "modelo clássico" contra uma pandemia, explica Tegnell, surpreendido com a virada de muitos países.

"Era como se o mundo enlouquecesse e tudo o que discutimos parecesse esquecido. País após país fecharam completamente suas fronteiras e sociedades", afirmou.

Ele também enfatizou que o vírus é "imprevisível" e é difícil saber quais métodos têm o melhor efeito, mas o isolamento pode ter consequências negativas para a saúde a médio e longo prazo.

"Acho que ainda não temos uma boa resposta para o que poderíamos ter feito. Existem diferenças claras entre os países, a forma como as mortes são registradas, porcentagem da população idosa, a forma como organizamos os serviços geriátricos. Tirar conclusões agora pode levar a muitas respostas erradas", afirmou.