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Preço da comida dispara na Síria, e ONU ressalta necessidade de ajuda ao país

30/06/2020 01h33

Nações Unidas, 29 jun (EFE).- A ONU advertiu nesta segunda-feira que a crise econômica na Síria está disparando o preço dos alimentos e de outros produtos essenciais, tornando ainda mais necessária a continuidade dos programas de ajuda ao país.

O subsecretário-geral de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, Mark Lowcock, lembrou que a moeda síria (libra) perdeu mais valor nos últimos seis meses do que nos primeiros nove anos de guerra, fazendo com que os preços da comida chegassem a níveis sem precedentes.

Segundo estimativas do Programa Mundial de Alimentos (PMA), a cesta básica encareceu 200% em relação ao ano passado.

"Um crescente número de sírios não pode mais se sustentar. Muitos falam de dívidas e de estarem comendo menos para poderem sobreviver", disse Lowcock na reunião mensal do Conselho de Segurança da ONU sobre a situação humanitária na Síria.

Segundo o dirigente, calcula-se que 9,3 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar, com uma situação especialmente ruim no noroeste do país, onde estão os principais redutos rebeldes.

Cerca de 2,8 milhões de pessoas, ou 70% dos habitantes necessitam assistência humanitária na região, onde as famílias deslocadas representam dois terços da população, muitas refugiadas em acampamentos que não possuem os padrões mínimos de qualidade.

Nesta região, as taxas de desnutrição infantil aumentam há meses e quase três a cada dez menores de cinco anos sofre problemas de desenvolvimento por falta de nutrição adequada.

A ONU e parceiros entregam comida todos os meses para 1,3 milhão de pessoas no noroeste sírio utilizando as passagens autorizadas na fronteira com a Turquia, cuja permissão precisa ser renovada pelo Conselho de Segurança até o dia 10 de julho.

Lowcock pediu para que a comunidade internacional autorize a continuação das operações humanitárias, as quais, segundo ele, deveriam ser prorrogadas devido à situação.

Na opinião do dirigente, não prorrogar a autorização às operações encerraria as entregas de alimentos pelas Nações Unidas e causaria "sofrimento e morte".

A ONU quer renovar por 12 meses a permissão para utilizar as passagens de Bab al Salaam e Bab Al Hawa, que conectam a Turquia com o noroeste da Síria e são as únicas que podem ser utilizadas atualmente pelas Nações Unidas e seus parceiros para levar ajuda a zonas que não estão sob o controle do governo. Em janeiro, a Rússia - aliada do regime sírio - forçou a inutilização de outras duas passagens.

A Rússia defendia que toda a ajuda deveria passar por Damasco, onde deveria ser canalizada, e chegou a vetar uma proposta de outros países. No fim, aceitou um compromisso que manteve abertas as duas passagens pelas quais chega a assistência à população da província de Idlib, o último grande reduto rebelde.

A delegação russa já deixou claro que, apesar dos pedidos da ONU e de outros países, não autorizará a reabertura das passagens fechadas e impôs travas à renovação para as duas que estão sendo utilizadas.

Na reunião desta segunda-feira, a embaixadora dos Estados Unidos, Kelly Craft, foi crítica em relação à postura de Moscou e defendeu que o Consleho de Segurança tem a "obrigação moral" de garantir que os sírios recebam ajuda. EFE

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