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Nova York entra na 3ª fase de reabertura preocupada com aumento da violência

4.jul.2020 - Garoto de máscara próximo ao Memorial do 11 de Setembro, em Nova York, nos Estados Unidos - Spencer Platt/Getty Images/AFP
4.jul.2020 - Garoto de máscara próximo ao Memorial do 11 de Setembro, em Nova York, nos Estados Unidos Imagem: Spencer Platt/Getty Images/AFP

07/07/2020 01h08

Nova York, 6 jul (EFE).- A cidade de Nova York entrou na terceira fase de reabertura nesta segunda-feira, enquanto se intensifica o debate sobre o aumento dos índices de violência após um fim de semana com 11 homicídios e 30 tiroteios.

Com a nova fase de reabertura e o retorno à vida social, a 'Big Apple' permitirá a volta de aproximadamente 50 mil pessoas a empregos em estabelecimentos como salões de beleza e estúdios de tatuagem e autorizará a prática de esportes coletivos, até então proibidos.

No entanto, o prefeito, Bill de Blasio, lembrou em entrevista coletiva que os restaurantes não poderão atender no interior, como estava previsto, e terão que continuar a servir exclusivamente nas áreas externas.

O governante insistiu que a abertura da parte interna dos restaurantes em outros estados favoreceram a propagação do novo coronavírus.

VARANDAS.

De acordo com estatísticas municipais, desde o começo da segunda fase, há duas semanas, mais de 7.000 restaurantes abriram varandas na cidade para atender os clientes.

Um total de 1.000 destas instalações foram inspecionadas pelas autoridades, que determinaram que 85% cumpriam os requisitos de segurança sanitária para o funcionamento.

PREOCUPAÇÃO COM TIROTEIOS.

Paralelamente à crise sanitária e econômica, as estatísticas policiais dos primeiros cinco meses de 2020 mostraram um aumento de 79,1% nos homicídios e um aumento de 64% nos tiroteios. Estes números continuaram a aumentar em junho e são cada vez mais preocupantes para as autoridades, que estão divididas sobre as causas deste aumento desproporcional.

"Nesse fim de semana vimos muita violência e teremos muito trabalho para lidar com isso, que está relacionado a todo o desenrolar dos últimos quatro meses de coronavírus", disse De Blasio, observando acima de tudo a paralisia do sistema de justiça, a crise econômica e o fato de as pessoas estarem "trancadas há meses".

O prefeito ressaltou que se reunirá com líderes comunitários e policiais para discutir o assunto e pediu para que tanto as forças de segurança como a sociedade civil trabalhem em conjunto para encontrar uma solução para o problema, que afeta principalmente a parte norte de Manhattan e, especificamente, o bairro do Harlem.

OPINIÕES DIVERGENTES.

Por sua vez, o chefe do departamento de polícia da cidade, Terence Monahan, concordou que este é um problema que envolve muitos fatores, mas citou, além do "fechamento dos tribunais", reformas recentes nas leis.

Segundo Monahan, algumas alterações afetam diretamente os métodos de detenção violenta da polícia. Outro fator mencionado pelo policial são as libertações feitas nos últimos meses na prisão de Rikers para evitar a disseminação do coronavírus SARS-CoV-2.

Nova York decretou recentemente a proibição do uso do estrangulamento para imobilizar detidos e a desarticulação de uma unidade anti-crime da polícia, na qual os agentes operavam com roupas civis e que era conhecida por ser violenta.

Estas medidas, assim como a redução dos orçamentos policiais de US$ 6 bilhões para US$ 5 bilhões, foram adotadas em resposta ao movimento antirracista "Black Lives Matter", que denuncia a violência policial tradicional, especialmente contra as minorias negra e latina.

Monahan, que chamou essas recentes reformas de "loucura", acrescentou que há "uma tremenda animosidade" contra a polícia e que "praticamente" todos com quem a polícia lida durante uma prisão "tentam lutar" contra os policiais.

De acordo com o oficial de segurança, os agentes têm "medo" de parar nos tribunais se imobilizarem um detido "enquanto lutam pela própria vida". Para Monahan, esta questão é um problema que deve ser resolvido se "quiserem superar esta situação".

O prefeito se recusou a discutir com o chefe da polícia e simplesmente fez questão de respeitar a diferença de opinião, antes de enfatizar que, em essência, compartilhavam a mesma visão.

CRÍTICA DO GOVERNADOR.

O governador do estado de Nova York, Andrew Cuomo, expressou claramente seu desacordo ao declarar em entrevista coletiva que está "muito preocupado" com o aumento da violência na cidade de Nova York, dizendo que a polícia estadual está em contato com a polícia de Nova York e que ele mesmo tratará do assunto com os promotores distritais.

Cuomo descartou que o aumento da violência possa ter sido causado por um atraso na acusação de crimes após a paralisação dos tribunais na pandemia, como alega De Blasio, ou pela libertação de um número significativo de reclusos da prisão de Rikers, como alega o chefe da polícia de Nova York.

"Há um jogo de culpas e de apontar o dedo, cujas explicações sobre o que está acontecendo não me parecem corretas", disse Cuomo, que não quis opinar sobre se a "retórica anti-polícia" estava relacionada com o aumento da violência porque não conhece "todos os fatos". EFE

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