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Polícia holandesa encontra contêineres usados para sequestro e tortura

07/07/2020 19h41

Haia (Holanda), 7 jul (EFE).- A polícia da Holanda localizou seis contêineres marítimos à prova de som que grupos criminosos usavam como prisão ilegal e um sétimo usado como câmara de tortura, com algemas penduradas no teto e uma cadeira parafusada no solo.

Pelo menos seis homens foram presos acusados de sequestro, abuso grave, extorsão e participação em organização criminosa, confirmou a polícia nesta terça-feira após a descoberta desses contêineres na província de Brabante do Norte, no sul da Holanda.

Todos os contêineres eram à prova de som e estavam cobertos com fita isolante térmica, o que evita que o conteúdo seja visível do lado de fora mesmo com um termovisor.

Também foi encontrada uma serra, bisturis, alicates, algemas, fita adesiva, balaclavas e sacolas pretas de algodão que seriam usadas para cobrir o rosto das vítimas.

Um dos contêineres continha vários uniformes da polícia, coletes à prova de balas e luzes piscantes, enquanto em um hangar localizado em Roterdã foram encontradas sete armas pequenas e um fuzil de assalto automático, uma versão chinesa do AK-47.

Os sete contêineres estavam em Wouwse Plantage, a quatro quilômetros da fronteira com a Bélgica, e as autoridades chegaram ao local para rastrear suspeitos durante a recente investigação europeia da rede telefônica criptografada EncroChat, que permitiu que polícia tivesse acesso a milhões de mensagens secretas entre membros do crime organizado na Holanda.

A operação internacional, liderada por Holanda e França, interceptou 20 milhões de mensagens entre membros do crime organizado e evitou dezenas de assassinatos, sequestros e tiroteios na Europa, alem de ter levado de centenas de suspeitos à prisão.

Em conversas sobre os contêineres encontrados na Holanda, os suspeitos enviaram fotos de um contêiner de transporte contendo uma cadeira odontológica com alças nos apoios de braços e pés, enquanto discutiam planos de "sequestro" e "tortura", com declarações como: "Quando você o tiver em sua cadeira, ele contará mais, mas esse cachorro está perdido".

A polícia começou a puxar o fio da investigação em abril, após começar a monitorar um homem de 40 anos em Haia, suspeito de envolvimento em tráfico de drogas e assassinato por encomenda, confirmou a chefe da polícia nacional holandesa, Jannine van den Berg.

As autoridades também conseguiram localizar vítimas, funcionários dos serviços de correio, para alertá-las sobre a ameaça e transferi-las para um local secreto.