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Paciente de Aids de SP pode ser 1º curado usando apenas medicação

08/07/2020 04h05

San Francisco (EUA), 7 jul (EFE).- Um paciente com Aids de São Paulo pode ser a primeira pessoa a ter superado a doença usando apenas medicamentos e sem ter exigido transplantes agressivos de células-tronco, de acordo com resultados de pesquisa apresentados nesta terça-feira em um congresso.

Os resultados, sobre os quais os próprios pesquisadores pediram cautela e que conclusões precipitadas não sejam tiradas, foram revelados durante a 23ª Conferência Internacional sobre Aids, realizada por videoconferência. O evento deveria acontecer em San Francisco, nos Estados Unidos, mas vem sendo realizado remotamente devido à pandemia da Covid-19.

De acordo com um artigo publicado na revista "Science", o paciente tem 35 anos de idade e foi tratado durante anos com uma combinação de antirretrovirais e nicotinamida, um tratamento que foi interrompido em março de 2019. Desde então, o HIV (vírus da imunodeficiência humana) continua sem ser detectado tanto em seu DNA quanto em seu RNA. A pesquisa é liderada pelo infectologista Ricardo Sobhie Diaz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A aparente ausência do HIV no sangue do portador do vírus - cuja identidade não foi divulgada e que foi batizado como 'paciente de São Paulo - 15 meses após completar o tratamento leva a crer que ele poderia ter sido curado, embora os próprios autores do estudo alertem que os resultados não são suficientemente definitivos e que o tempo necessário para considerá-los não passou.

Até hoje, apenas duas pessoas são conhecidas por terem sido oficialmente curadas da Aids: Timothy Ray Brown, conhecido como 'o paciente de Berlim', e Adam Castillejo, conhecido como 'o paciente de Londres'.

Ambos foram submetidos a cirurgias muito complexas e agressivas como parte de tratamentos de câncer envolvendo transplante de medula óssea com células-tronco resistentes à infecção pelo HIV, permitindo que seus corpos criassem novos sistemas imunológicos livres de AIDS.

Apesar do sucesso desses dois casos, eles são muito complexos, extremamente caros e perigosos para o paciente, tornando seu uso em larga escala impraticável.