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EUA punem presidente da Chechênia por tortura

20/07/2020 22h28

Washington, 20 jul (EFE).- O governo dos Estado Unidos anunciou nesta segunda-feira punições ao presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, um aliado do governo da Rússia, comando por Vladimir Putin, por violações dos direitos humanos.

"O Departamento (de Estado) tem informações confiáveis de que Kadyrov é responsável por graves violações dos direitos humanos que datam de mais de uma década, incluindo tortura e assassinatos extrajudiciais", disse o Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em um comunicado no qual anunciou sanções não só a Kadyrov, mas também à esposa do líder checheno, Medni Kadyrova, e às duas filhas, Aishat e Karina.

Pompeo denunciou que o presidente da Chechênia está usando a pandemia da Covid-19 como desculpa para infligir mais violações dos direitos humanos.

No contexto da crise sanitária, o próprio Kadyrov fez ameaças contra a jornalista investigativa Elena Milashina por uma reportagem sobre o coronavírus que ela publicou em abril no jornal russo "Novaya Gazeta".

O texto, intitulado "Mortos pelo coronavírus, o mal menor", criticou o tratamento da pandemia pelas autoridades chechenas, incluindo a falta de máscaras e a detenção arbitrária de cidadãos que supostamente violaram a quarentena.

A reação de Kadyrov, que chegou ao ponto de ameaçar tomar medidas contra o jornalista, levou à condenação pela União Europeia, que pediu à Rússia para investigar as ameaças.

No comunicado, Pompeo afirmou que as sanções desta segunda-feira servem para enviar uma mensagem a Kadyrov e mostrar-lhe que os EUA têm informações sobre as supostas violações dos direitos humanos.

"Os Estados Unidos se comprometem a utilizar todas as ferramentas à nossa disposição para garantir a responsabilidade dos envolvidos neste comportamento abominável", acrescentou Pompeo.

Não é a primeira vez que os EUA sancionam o Kadyrov. Em dezembro de 2017, o país puniu o líder checheno e outros quatro indivíduos sob a "Lei Magnitsky", cujo nome vem do advogado russo Sergey Magnitsky, que foi detido e morreu em uma prisão de Moscou em 2009.

Também em 2018, os EUA e 15 outras nações lançaram uma investigação sob a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sobre violações de direitos humanos contra a comunidade LGBTI na Chechênia.

Kadyrov, 43 anos, detém o poder na Chechênia desde 2007, quando foi nomeado para o cargo por Putin. Ele foi acusado pela oposição russa de estar envolvido no assassinato, diante do Kremlin, do líder da oposição e ex-primeiro ministro russo Boris Nemtsov.

O presidente checheno também é acusado pela oposição e pelos ativistas de direitos humanos de estar por trás das mortes, há dez anos, da jornalista Anna Politskovskaya, também da "Novaya Gazeta", e da ativista Natalia Estemirova.

Kadyrov é dono do clube de futebol Akhmat Grozny, que conta com três jogadores brasileiros, incluindo o atacante Felipe Vizeu, ex-jogador de Flamengo e Grêmio. Em 2017, contratou Ronaldinho Gaúcho para jogar a seu lado em uma partida festiva.