EUA punem presidente da Chechênia por tortura
"O Departamento (de Estado) tem informações confiáveis de que Kadyrov é responsável por graves violações dos direitos humanos que datam de mais de uma década, incluindo tortura e assassinatos extrajudiciais", disse o Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em um comunicado no qual anunciou sanções não só a Kadyrov, mas também à esposa do líder checheno, Medni Kadyrova, e às duas filhas, Aishat e Karina.
Pompeo denunciou que o presidente da Chechênia está usando a pandemia da Covid-19 como desculpa para infligir mais violações dos direitos humanos.
No contexto da crise sanitária, o próprio Kadyrov fez ameaças contra a jornalista investigativa Elena Milashina por uma reportagem sobre o coronavírus que ela publicou em abril no jornal russo "Novaya Gazeta".
O texto, intitulado "Mortos pelo coronavírus, o mal menor", criticou o tratamento da pandemia pelas autoridades chechenas, incluindo a falta de máscaras e a detenção arbitrária de cidadãos que supostamente violaram a quarentena.
A reação de Kadyrov, que chegou ao ponto de ameaçar tomar medidas contra o jornalista, levou à condenação pela União Europeia, que pediu à Rússia para investigar as ameaças.
No comunicado, Pompeo afirmou que as sanções desta segunda-feira servem para enviar uma mensagem a Kadyrov e mostrar-lhe que os EUA têm informações sobre as supostas violações dos direitos humanos.
"Os Estados Unidos se comprometem a utilizar todas as ferramentas à nossa disposição para garantir a responsabilidade dos envolvidos neste comportamento abominável", acrescentou Pompeo.
Não é a primeira vez que os EUA sancionam o Kadyrov. Em dezembro de 2017, o país puniu o líder checheno e outros quatro indivíduos sob a "Lei Magnitsky", cujo nome vem do advogado russo Sergey Magnitsky, que foi detido e morreu em uma prisão de Moscou em 2009.
Também em 2018, os EUA e 15 outras nações lançaram uma investigação sob a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sobre violações de direitos humanos contra a comunidade LGBTI na Chechênia.
Kadyrov, 43 anos, detém o poder na Chechênia desde 2007, quando foi nomeado para o cargo por Putin. Ele foi acusado pela oposição russa de estar envolvido no assassinato, diante do Kremlin, do líder da oposição e ex-primeiro ministro russo Boris Nemtsov.
O presidente checheno também é acusado pela oposição e pelos ativistas de direitos humanos de estar por trás das mortes, há dez anos, da jornalista Anna Politskovskaya, também da "Novaya Gazeta", e da ativista Natalia Estemirova.
Kadyrov é dono do clube de futebol Akhmat Grozny, que conta com três jogadores brasileiros, incluindo o atacante Felipe Vizeu, ex-jogador de Flamengo e Grêmio. Em 2017, contratou Ronaldinho Gaúcho para jogar a seu lado em uma partida festiva.
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