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Ex-diretor da Pemex nega ter recebido propina da Odebrecht

30/07/2020 12h44

Cidade do México, 29 jul (EFE).- Um ex-diretor da Pemex, Emilio Lozoya, negou nesta quarta-feira à Justiça do México ter recebido US$ 10,5 milhões em propinas da Odebrecht e prometeu colaborar com investigações envolvendo atividades irregulares da construtora brasileira e do governo anterior do país.

"De forma respeitosa para com as autoridades, quero que elas saibam que não sou culpado, nem responsável pelos fatos que me são atribuídos", disse Lozoya durante uma audiência da qual participou por teleconferência no hospital onde foi internado na Cidade do México com anemia após ser extraditado pela Espanha no último dia 17.

Lozoya, que foi diretor da estatal entre 2012 e 2016, durante o governo de Enrique Peña Nieto, reiterou o "compromisso de colaborar com as autoridades do Estado mexicano" e pediu que o Ministério Público revise as acusações contra ele.

Segundo a transcrição oferecida pelo Conselho Judiciário Federal (CJF), já que a imprensa não pôde participar da audiência, o Ministério Público mexicano acusou Lozoya de ter recebido US$ 10,5 milhões em propinas da Odebrecht para facilitar a concessão de contratos de obras públicas.

Uma parte dessas supostas propinas, de US$ 4 milhões, teria sido recebida em 2012, quando Lozoya era coordenador de campanha de Peña Nieto e prometido ao executivo da Odebrecht no México, Luis Alberto de Meneses, um cargo no futuro governo.

Na mesma linha do que disse na terça-feira em outra audiência judicial, sobre a venda e compra irregular de uma fábrica de fertilizantes, Lozoya alegou que durante a investigação foi "intimidado, pressionado, influenciado e instrumentalizado".

"Vou apontar as pessoas responsáveis por estes eventos e os possíveis beneficiários destes eventos", disse.

Na audiência de terça-feira, o juiz supervisor acusou Lozoya do crime de receber recursos de procedência ilícita por ter participado, em 2013, da compra irregular de uma planta de fertilizantes inutilizada, após receber propina e comprado uma casa com o dinheiro.

Porém, a Procuradoria Geral da República causou surpresa ao não pedir a prisão preventiva de Lozoya, apesar de ele ter fugido do país no ano passado.

O executivo foi detido em fevereiro, na Espanha, e concordou em ser extraditado para o México após um acordo com o gabinete do procurador geral em reduzir sua pena em troca de revelar a identidade de outros envolvidos em esquemas de corrupção durante o governo Peña Nieto (2012-2018).

O atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, apoiou o acordo e, na quarta-feira, declarou que Lozoya faria uma delação premiada e defendeu que ele receba "certas considerações" em troca de "saber mais" sobre casos de corrupção no governo de seu antecessor.