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Ex-presidente do Equador, Correa oficializa candidatura a vice

19/08/2020 01h54

Quito, 18 ago (EFE).- Ex-presidente do Equador entre 2007 e 2017, Rafael Correa anunciou oficialmente nesta terça-feira sua candidatura à vice-presidência do país nas eleições de 2021, na chapa liderada pelo jovem Andrés Arauz, um rosto ainda pouco conhecido no cenário nacional.

Com a candidatura, Correa tenta voltar à linha de frente da política e também ao próprio país, onde é considerado foragido pela justiça.

A chapa de Arauz e Correa foi apresentada em uma reunião por videoconferência com a participação do ex-presidente, que vive na Bélgica desde 2017, após deixar o poder.

Arauz, que por sua vez vive no México, onde faz doutorado, estava acompanhado por seis membros da coalizão de esquerda que promove a candidatura, a União pela Esperança (UNES).

"Minha ambição nunca foi uma posição, uma candidatura, ou mesmo ganhar uma eleição. Meu projeto de vida é minha terra natal, vê-la sair do subdesenvolvimento, com prosperidade, justiça, alegria, é para isso que me preparei, lutei toda a minha vida", disse Correa.

Sem mencionar diretamente o atual presidente, Lenin Moreno, ex-aliado político e agora um de seus principais desafetos, ele ressaltou que seus inimigos "não se importavam em destruir nossa terra sagrada" ao justificar seu retorno à arena política.

"Aceito com alegria esta nova responsabilidade, que não tenho buscado, nem mesmo desejado", alegou.

Correa também acusou o atual governo de ter causado "vítimas desnecessárias do coronavírus" e ter uma "negligência criminosa" em outras áreas, como na geração de empregos e na educação.

O ex-governante também apresentou Arauz, de 35 anos. Especialista em economia pública, ele foi por um breve período ministro da Cultura no final do último mandato de Correa e agora cursa doutorado na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM).

CANDIDATURA ESPERADA.

A candidatura de Correa era esperada há muito tempo por seus apoiadores mais próximos, que tentavam encontrar o candidato ideal para completar a chapa. Ela também estava pendente dos desenvolvimentos do caso "Subornos 2012-2016", no qual foi considerado culpado de suborno e condenado a oito anos de prisão em primeira e segunda instâncias.

O caso refere-se a uma suposta rede de corrupção através da qual propinas teriam sido recebidas no palácio presidencial para o financiamento irregular do movimento governista Alianza País, em troca da concessão de contratos públicos milionários a empresas.

A defesa do ex-presidente equatoriano entrou com um recurso na Corte Nacional de Justiça (CNJ) no último dia 7 contra a sentença de oito anos de prisão que ele recebeu.

A candidatura de Correa pode agora bloquear temporariamente o processo judicial, já que os candidatos contam com imunidade, de modo que não haveria tempo para uma condenação final.

Correa é procurado pela justiça equatoriana em outro caso, o sequestro do líder da oposição Fernando Balda, pelo qual o ex-chefe da inteligência Pablo Romero foi condenado a nove anos de prisão na última sexta-feira.