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Merkel visitou Navalny em hospital em Berlim, confirma governo alemão

28/09/2020 15h39

Berlim, 28 set (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, visitou Alexey Navalny no hospital universitário Charité, em Berlim, onde o líder opositor russo recebeu tratamento durante 32 dias após ser envenenado com um agente nervoso Novichok, segundo confirmou o governo alemão.

O porta-voz do governo, Steffen Seibert, disse nesta segunda-feira que o encontro aconteceu, mas que ainda não podia revelar o conteúdo: "Não posso dizer nada, foi uma visita pessoal".

A revista "Der Spiegel" noticiou que a visita foi realizada de forma "estritamente confidencial" e que, com este "gesto incomum", a chanceler sublinhou a solidariedade do governo alemão a Navalny.

De acordo com a publicação, esta visita secreta é mais um sinal de que Merkel se sente comprometida com o líder da oposição, que não está disposta a desistir do caso e que não vai ceder até que se conheça o verdadeiro pano de fundo do que aconteceu.

No mesmo dia em que Navalny foi internado em um hospital na cidade siberiana de Omsk, depois de ter desmaiado durante um voo por suspeita de envenenamento, a chanceler declarou que a Alemanha estava preparada para oferecer ajuda médica e asilo ao líder da oposição.

Com Navalny já na Alemanha, e após confirmar que ele havia sido envenenado com um agente nervoso, a chanceler advertiu a Rússia sobre uma "reação comum apropriada" por parte da União Europeia (UE) e da Otan e exigiu que o governo russo esclarecesse os fatos.

"Agora estão sendo feitas perguntas muito sérias que somente o governo russo pode e deve responder. A situação de Alexey Navalny despertou o interesse mundial. O mundo está esperando uma resposta", enfatizou na ocasião, enquanto falava de um "crime" que viola "direitos e valores fundamentais".

GRATIDÃO A MERKEL E À ALEMANHA.

O chefe de campanha da Navalny, Leonid Volkov, disse em uma entrevista ao grupo de mídia alemão "RTL/n-tv" que o líder da oposição está "muito grato" à chanceler e à Alemanha, e confirmou que quer voltar à Rússia para manter sua atividade política.

Volkov declarou que o caso não deve ser reduzido ao debate sobre a continuação ou não do projeto Nord Stream 2, o gasoduto que levará gás russo para a Alemanha pelo fundo do Mar Báltico. Segundo ele, em uma possível conversa entre Navalny e Merkel, "eles provavelmente falarão sobre tudo, mas não precisamente sobre o gasoduto".

"O que aconteceu é tão importante, mas tão importante, que no ano de 2020 a Rússia deixou um adversário ser envenenado por uma arma química. Isso é muito mais importante do que um gasoduto", disse Volkov.

De acordo com Volkov, o caso Navalny "muda muito mais coisas do que apenas o gasoduto".

"Isso muda a ideia de quem realmente é o senhor (Vladimir) Putin, do que realmente se pode esperar da Rússia e do Kremlin. Isso não deve levar à questão do gasoduto. É uma questão mais complexa", acrescentou, reiterando a convicção de que o presidente russo está por trás do envenenamento de Navalny.

Sobre o estado de saúde do líder opositor, o chefe de campanha confirmou que Navalny está melhor e que sua recuperação tem sido mais rápida do que o esperado.

Navalny ainda está em Berlim porque, apesar de ter recebido alta na semana passada, o tratamento continua, e está sendo monitorado 24 horas por dia.

Segundo Volkov, Navalny tem a intenção de retornar à Rússia, pois "o tipo de atividade política que ele realiza não pode ser feita do exterior". EFE

egw/vnm