SIP diz que ataques de Bolsonaro ameaçam o exercício do jornalismo no Brasil
"Nos últimos seis meses houve episódios infelizes que mostram as dificuldades para o bom exercício do jornalismo, bem como a falta de compreensão sobre a liberdade de imprensa garantida pela Constituição", afirma o relatório apresentado na 76ª Assembleia Geral da organização, aberta hoje, em Miami, nos Estados Unidos.
"A conduta do presidente Jair Bolsonaro é a prova mais eloquente deste clima de confronto. De forma autoritária e agressiva, muitas vezes rude, o presidente é caracterizado por seu constante confronto com profissionais da imprensa e empresas de mídia", completa o texto.
O relatório da SIP lembra, inclusive, que o chefe de Estado chegou a ameaçar agredir fisicamente um repórter do jornal "O Globo", em 23 de agosto, após pergunta sobre depósitos considerados suspeitos na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O documento também destaca os momentos tensos, especialmente, nas entrevistas concedidas em em frente ao portão do Palácio da Alvorada, com os profissionais de imprensa trabalhando ao lado de grupos de apoiadores do mandatário, muitas vezes, em meio a xingamentos e ameaças.
"Chegou ao ponto que, devido aos riscos para a integridade física dos jornalistas, vários meios de comunicação decidiram suspender a participação nas entrevistas", aponta o relatório.
De acordo com a SIP, Bolsonaro "estimula" ataque virtuais contra profissionais de imprensa, empresas de comunicação, muitas vezes realizados pelo entorno do próprio presidente, nas redes sociais, blogs ou perfis em plataformas digitais.
JUDICIÁRIO CRITICADO.
Além disso, o relatório da Sociedade Interamericana de Imprensa também aponta para o Poder Judiciário, com o registro de, pelo menos, três casos nos últimos seis meses de decisões de magistrados que impediram o livre exercício do jornalismo.
Segundo o texto, no Brasil há uma persistência no desrespeito "à plena liberdade de imprensa definida pela Constituição".
A organização alertou para os inúmeros casos de violência física contra jornalistas no país, e lembrou a morte à tiros de Leonardo Pinheiro, do site "A Voz Araruamense", que vinha denunciado casos de corrupção na cidade de Araruama, no Rio de Janeiro.
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