França veta novo pedido de médico para uso da hidroxicloroquina contra Covid
"Os dados disponíveis até agora, que são muito heterogêneos e irregulares, não nos permitem prever um benefício da hidroxicloroquina isoladamente ou em associação para o tratamento ou prevenção da Covid-19", disse a Agência Nacional de Segurança dos Medicamentos e Produtos de Saúde da França (ANSM) em comunicado.
Além disso, o órgão observou que administrar este princípio ativo, que é comercializado na França pelo grupo Sanofi com o nome Plaquénil, aumenta os riscos, "especialmente os riscos cardiovasculares".
Isso explica porque a agência não pode responder favoravelmente ao pedido para obter o que é tecnicamente chamado de Recomendação Temporária para Uso (RTU).
A ANSM insistiu que sua posição está de acordo "com a grande maioria das recomendações terapêuticas internacionais". Por outro lado, informou que a medida pode ser revista a qualquer momento "se houver novos resultados de estudos clínicos" que modificariam os conhecimentos atuais.
Raoult, que dirige um dos maiores centros de pesquisa epidemiológica da França, o Institut Hospitalo-Universitaire, em Marselha, fez este novo pedido no início de agosto.
Desde a primeira onda do coronavírus na França, ele ficou conhecido pela defesa da hidroxicloroquina como tratamento para alguns casos de Covid-19, algo que o colocou em rota de colisão com o ministro da Saúde, Olivier Véran.
No final de maio, a pasta já havia proibido explicitamente a prescrição deste medicamento - geralmente indicado para a malária - para pacientes com coronavírus.
No Twitter, Raoult respondeu ao anúncio da ANSM ressaltando que o diretor da agência, Dominique Martin, embora tenha rejeitado o pedido, autorizou "o envio de e-mails promocionais da (empresa farmacêutica) Gilead para o fármaco remdesivir e organizar a distribuição gratuita".
"Dois pesos, duas medidas", afirmou Raoult.
O médico referiu-se ao remdesivir, outro fármaco que também foi estudado para que fosse analisado se é eficaz contra a Covid-19 e que ontem recebeu aprovação da agência de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos (FDA) como o primeiro remédio para a doença no país.
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