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Presidente do Kosovo renuncia após ser acusado de crimes de guerra

05/11/2020 13h21

Belgrado, 5 nov (EFE).- O presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, renunciou nesta quinta-feira depois que as acusações de crimes de guerra foram confirmadas em um tribunal internacional devido ao seu tempo como líder de uma guerrilha que lutou contra as forças sérvias no final dos anos 1990.

"Não me permitirei comparecer ao tribunal como presidente, e renuncio hoje para proteger a integridade do Estado", disse Thaçi, durante entrevista coletiva em Pristina, e divulgada pelo site do jornal local "Koha Ditore".

Thaçi anunciou que irá a Haia, sede do Tribunal Especial para o Kosovo (TEK), para se render voluntariamente e defender a sua inocência. No entanto, ele não anunciou quando viajará para Holanda.

Ele pediu "cautela" a todas as forças políticas do Kosovo para não causar uma crise no país, "que não tem tempo a perder e deve manter a calma".

"Hoje, mais do que nunca, peço e encorajo vocês a não perderem a esperança. Conquistamos a liberdade e a independência e agora desenvolvemos o Estado", disse Thaçi.

Além disso, ele também garantiu que irá cooperar plenamente com a Justiça e mais uma vez reiterou sua inocência.

O TEK foi criado para julgar os responsáveis por crimes de guerra e contra a humanidade alegadamente cometidos por membros da ex-guerrilha do Exército de Libertação do Kosovo (ELK) entre 1998 e 2000, durante o conflito com as forças de segurança sérvias.

Kosovo declarou sua independência da Sérvia unilateralmente em 2008 e cerca de 100 países reconheceram sua soberania, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia.

O governo de Kosovo respondeu à acusação enfatizando acreditar "profundamente na justiça da luta do ELK pela liberdade" e que "ninguém pode julgar" tal comportamento.

Hoje também foi confirmada a acusação do TEK contra o líder do Partido Democrático do Kosovo (PDK), Kadri Veseli, ex-comandante da guerrilha albanesa do Kosovo.

Veseli também anunciou que viajará para Haia, possivelmente hoje.

A acusação contra Veseli e Thaçi foram anunciadas em julho pelo Ministério Público daquele tribunal, mas o juiz de instrução precisava decidir se confirmava as acusações.

O Ministério Público do TEK acusou-os de crimes de guerra e contra a humanidade por supostas torturas, perseguições e desaparecimentos forçados entre 1998 e 2000, assim como pelo assassinato de 100 pessoas.

O presidente do Parlamento, Vjosa Osmani, assumirá as funções de Hashim Thaçi, podendo ocupar a presidência por seis meses de forma interina, de acordo com a lei do país.

O mandato de Thaçi como presidente do país terminaria no próximo ano.