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Governo brasileiro tem a responsabilidade de reconhecer o racismo, diz ONU

24/11/2020 17h25

Genebra, 24 nov (EFE).- A ONU afirmou nesta terça-feira que o governo do Brasil tem a responsabilidade de reconhecer o racismo persistente contra as pessoas negras, cobrança feita após o presidente Jair Bolsonaro e o vice, Hamilton Mourão, terem negado a discriminação racial no país, dias depois de João Alberto Silveira Freitas, homem negro, morrer ao ser espancado por seguranças de uma unidade da rede de supermercados Carrefour em Porto Alegre.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que o Brasil precisa de reformas urgentes tanto em sua legislação quanto em suas instituições para acabar com os estereótipos raciais.

Tal trabalho seria necessário sobretudo entre a polícia e outras forças de segurança, que devem ser treinadas em direitos humanos, sugeriu Bachelet.

Os dados tratados pelo escritório de Bachelet indicam que o número de negros mortos no Brasil é muito maior do que o de outros grupos, e o mesmo se aplica à população carcerária.

A diplomata chilena enfatizou que os negros brasileiros estão praticamente excluídos das estruturas e instituições decisórias do país.

O assassinato de João Alberto ocorreu na véspera do Dia da Consciência Negra, o que provocou ainda mais protestos. Com relação às manifestações, Bachelet pediu uma investigação sobre as denúncias de uso desproporcional da força policial contra os participantes, e que os responsáveis sejam identificados e punidos.

A alta comissária também pediu para que as empresas assumam a responsabilidade de respeitar os direitos humanos em suas operações para evitarem novos casos como este.