Deixar países pobres sem vacinas prejudicará economia dos ricos, aponta OMS
Se a pandemia for deixada latente entre a maioria da população mundial e durar muito tempo, as consequências econômicas globais serão deploráveis, disse nesta quinta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS), com base nos resultados de um estudo econômico sobre a crise sanitária.
A análise, que foi encomendada pela Fundação Bill e Melinda Gates, foca em dez países, incluindo vários representantes das maiores economias mundiais, e argumenta que este grupo terá lucros de aproximadamente US$ 153 bilhões no ano que vem se houver acesso global às vacinas Covid-19.
O lucro estimado para os próximos cinco anos é de US$ 466 bilhões, 12 vezes o custo total do Projeto Acelerador de Vacina (ACT Accelerator), criado pela OMS em colaboração com entidades público-privadas para assegurar que os países mais pobres recebam uma parte justa de testes de diagnóstico, tratamentos e vacinas. Foram arrecadados quase US$ 10 bilhões para a iniciativa, mas ainda há um déficit de US$ 28,2 bilhões.
A OMS afirmou que US$ 4,3 bilhões são urgentemente necessários para garantir que não haja atrasos no acesso dos países mais pobres aos instrumentos necessários para combater o vírus.
Até agora, os dez países ricos analisados pelo estudo (Canadá, França, Alemanha, Japão, Catar, Coreia do Sul, Suécia, Emirados Árabes, Reino Unido e Estados Unidos) contribuíram conjuntamente com US$ 2,4 bilhões para a iniciativa.
O mais generoso foi o Reino Unido, que colaborou com quase US$ 1 bilhão, enquanto os Estados Unidos foram os mais indiferentes, sem demonstrar interesse em financiar o acesso a vacinas, terapias e testes para os países mais desfavorecidos. Os EUA não contribuíram com um dólar sequer, assim como os Emiratos Árabes.
A Alemanha ofereceu US$ 618 milhões; o Canadá, US$ 290 milhões; o Japão, US$ 229 milhões; e a França, US$ 147 milhões. A Suécia prometeu US$ 21 milhões; o Catar, US$ 20 milhões; e a Coreia do Sul, US$ 11 milhões.
O ACT Accelerator foi criado há sete meses e, neste tempo, estimulou a investigação em torno do coronavírus, com 50 tipos de testes de diagnóstico avaliados, alguns deles aprovados e disponibilizados a países com poucos recursos. Além disso, foi fornecido acesso ao medicamento dexametasona, recomendado pela OMS para doentes críticos de Covid-19.
O braço da iniciativa dedicado às vacinas está apoiando o desenvolvimento de nove candidatas, e oito delas estão em testes clínicos.
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