Topo

Apesar de avisos, mais de 3 mil hondurenhos partem em caravana rumo aos EUA

15/01/2021 16h40

Tegucigalpa, 15 jan (EFE).- Mais de 3 mil imigrantes hondurenhos partiram nesta sexta-feira em uma caravana para os Estados Unidos, aonde esperam chegar apesar dos avisos dos governo americano e os de Guatemala e México de que não permitirão a entrada de pessoas que tentam atravessar de forma irregular.

"Vou embora com toda minha família porque não tenho emprego desde o ano passado", declarou Raúl Rodríguez, um dos migrantes que saiu por volta das 5h (local, 8h de Brasília) da Rodoviária Metropolitana de San Pedro Sula, no norte de Honduras, à Agência Efe.

Os migrantes, homens, mulheres e crianças com mochilas nas costas, decidiram partir pelo ponto de Agua Caliente, no departamento de Ocotepeque, na fronteira com a Guatemala.

Na caravana, com uma bandeira hondurenha na frente em azul e branco estendida, vão muitas pessoas que são famílias completas, pais e filhos. Em alguns casos, eles são acompanhados por outros parentes, de acordo com suas histórias.

Muitos dos imigrantes, a maioria usando máscaras, alguns fazendo o sinal da vitória, preferem não se identificar com seu nome na frente dos jornalistas. Algumas mulheres cobrem o rosto com pequenas toalhas ou lenços enquanto passam diante das câmeras da imprensa nacional e estrangeira que acompanham a caravana.

"Venho de Baracoa (departamento e Cortés), perdemos tudo por causa da Iota e da Eta", declarou Manuel Peralta, em referência às tempestades tropicais que atingiram Honduras em novembro, causando graves danos materiais, principalmente no norte e no oeste do país. "Baracoa foi destruída e não há empregos, as pessoas estão sofrendo de fome; é por isso que estamos partindo", justificou.

Outra razão pela qual muitos afirmam ser a falta de emprego desde que o país começou a sofrer com a pandemia da Covid-19. Alguns pais carregam seus filhos pequenos em carrinhos, outros em seus braços, e muitas crianças caminham ao lado dos adultos.

Atrás da caravana estão caminhões da Polícia Nacional com agentes equipados com escudos, bastões e, aparentemente, bombas de gás lacrimogêneo. Antes de chegar ao desvio na estrada que leva ao oeste do país, alguns dos migrantes começaram a embarcar em caminhões, veículos particulares e ônibus para fazer a viagem de mais de 200 quilômetros entre San Pedro Sula e Ocotepeque.

CRIME ORGANIZADO ORGANIZA AS CARAVANAS, DIZ POLÍCIA.

A caravana saiu por volta das 5h (local, 8h de Brasília), após terminar sua concentração na noite desta quinta-feira na Estação Metropolitana de Ônibus. A Polícia Nacional advertiu ontem que eles tinham cerca de 7 mil agentes à sua disposição para manter os migrantes em segurança.

"O crime organizado está promovendo as caravanas, e é triste ver famílias se deslocando na esperança de melhorar suas condições de vida, correndo o risco de cair nas mãos desses criminosos", denunciou o Comissário Julian Hernández, da Polícia de Fronteira.

Ele também destacou que as caravanas são frequentemente organizadas em plataformas digitais por supostos traficantes de pessoas que se oferecem para levar migrantes para os Estados Unidos.

Os pedidos das autoridades hondurenhas para que a caravana não partisse não foram atendidos pelos migrantes, que estão em cerca de 5 mil pessoas, segundo alguns participantes.

Organizações de direitos humanos e outras instituições como a Cruz Vermelha estão acompanhando os grupos, que hoje esperam chegar a Agua Caliente e atravessar para a Guatemala. EFE

gr/dr

(foto) (vídeo)