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Objetivo número 1 de Biden: desmontar o legado de Trump

21/01/2021 22h48

Alfonso Fernández.

Washington, 21 jan (EFE).- O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encara seu primeiro dia de trabalho na Casa Branca com a intenção de desmontar o quanto antes o legado de Donald Trump, desde a imigração à política externa, passando pelo combate à pandemia de covid-19 e a crise climática.

A mudança de ânimo entre os democratas em Washington foi expressada pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que descreveu a posse de Biden como "um sopro de ar fresco".

"Que diferença em um só dia", comentou Pelosi em entrevista coletiva no Capitólio.

CHUVA DE ORDENS EXECUTIVAS.

Em menos de 24 horas, Biden assinou 17 ordens executivas, a maioria dedicadas a voltar atrás em políticas do antecessor no cargo.

Entre elas, o cancelamento da emergência nacional que Trump havia decretado para repassar recursos ao financiamento do muro na fronteira com o México, que fica suspenso, e o reingresso dos EUA ao Acordo de Paris sobre o clima.

A partir desta quinta-feira, estão suspensas as inscrições ao programa Permaneçam no México, que permitiu que o governo de Trump devolvesse solicitantes de asilo ao país vizinho. Biden ainda prevê avançar em novas medidas para combater a pandemia de covid-19, que já causou mais de 400 mil mortes no país.

100 MILHÕES DE VACINAS EM 100 DIAS.

"O que estamos herdando é muito pior do que poderíamos imaginar", afirmou à imprensa Jeffrey Zients, nomeado por Biden para coordenar a resposta à pandemia.

Biden prometeu vacinar 100 milhões de americanos nos primeiros 100 dias mandato, uma meta ambiciosa para qual ainda não há certeza de cumprimento devido as problemas de distribuição vistos nas últimas semanas.

Atpe o momento, 14,3 milhões de americanos foram vacinados, o que representa 12,5% da população considerada prioritária, e 4,3% do total de 330 milhões de habitantes do país.

DESAFIO: REPUBLICANOS NO SENADO.

Mas o poder de Biden através de ordens executivas tem um limite, e para os seus planos de grande escala ele terá de lidar com um Congresso no qual, embora os democratas controlem ambas as casas, a maioria no Senado é tão apertada que se espera que o caminho seja complicado.

Especialmente face às suas duas principais propostas: um novo pacote de estímulo fiscal, no valor de US$ 1,9 trilhão com novos pagamentos diretos aos cidadãos, e uma reforma da imigração que abriria o caminho para a legalização de mais de 11 milhões de imigrantes indocumentados nos EUA.

Biden, que foi senador durante mais de três décadas, conhece bem o funcionamento do Senado e terá de convencer a bancada republicana a aprovar ambas as propostas, em um momento de enorme polarização política no país.

Como se isso não fosse suficiente, Pelosi pretende enviar em breve as acusações ao Senado para o julgamento político de Trump por "incitar à insurreição" durante a violenta invasão ao Capitólio em 6 de janeiro por parte de apoiadores de Trump, incidente que deixou cinco mortos.