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Missão em Wuhan queria aprender sobre Covid e não investigar China, diz OMS

15/02/2021 22h01

Genebra, 15 fev (EFE).- O diretor de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, negou nesta segunda-feira, antes da polêmica levantada pela missão de especialistas da agência em Wuhan, que a visita fosse uma tentativa de investigar a China por causa do surgimento da pandemia do coronavírus.

"O objetivo da missão é aprender lições para o futuro e fazer progressos, ou seja, é um esforço de colaboração entre cientistas, não é uma investigação da organização para a China", declarou Ryan em entrevista coletiva.

"É claro que há implicações políticas que têm sido difíceis de administrar, mas seria útil para nós nos concentrarmos no progresso científico que tem sido feito e no progresso que precisa ser feito. É hora de olhar para a ciência", completou o diretor.

Com relação ao desacordo surgido em países como os Estados Unidos pelos supostos resultados da missão - que em coletiva em Wuhan declarou ser "improvável" que o vírus SARS-CoV-2 tenha tido origem em um laboratório - ele e outros especialistas da OMS esclareceram hoje que o relatório completo não será publicado nas próximas semanas.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acrescentou que as conclusões obtidas pelos especialistas serão independentes da agência sediada em Genebra, cujo papel tem sido coordenar a missão, não conduzi-la.

"Muitas vezes ouço dizer que esta é uma investigação da organização, mas não é, é um estudo independente, e o papel de nossa organização é coordenar", frisou Tedros.

O etíope lembrou que a missão foi formada por 12 especialistas independentes de diferentes instituições, das quais apenas duas pertenciam à OMS.

Com relação às divergências entre vários membros da missão em Wuhan, Tedros explicou que um relatório conjunto não significa que se obtenha um consenso sobre tudo, especialmente quando a pesquisa está apenas começando.

Os resultados da missão na China levantaram dúvidas entre os membros da OMS, como os Estados Unidos, cujo governo disse no último sábado ter "profundas preocupações" sobre a forma como os especialistas divulgaram suas descobertas iniciais.

Em um comunicado, o Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca Jake Sullivan afirmou ser "imperativo" que a investigação da entidade sobre a origem do vírus seja "independente" e "livre de qualquer intervenção ou alteração por parte do governo chinês".

Essas palavras marcam o primeiro atrito entre o novo governo americano, com o presidente Joe Biden, e a OMS, apesar do fato de que em seu primeiro dia como chefe de governo o democrata confirmou que os EUA estavam abandonando seu processo de saída da agência, iniciado anteriormente por Donald Trump. "Reengajar com a OMS também significa pedir os mais altos padrões", ponderou Sullivan.