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Venezuela mantém alerta por proximidade com o Brasil, epicentro da pandemia

O Brasil, de acordo com consórcio de veículos de imprensa do país, contabiliza 11.787.600 positivos e 287.795 vítimas da covid - Tempura/iStock
O Brasil, de acordo com consórcio de veículos de imprensa do país, contabiliza 11.787.600 positivos e 287.795 vítimas da covid Imagem: Tempura/iStock

Sabela Bello

19/03/2021 16h14Atualizada em 19/03/2021 16h19

Caracas, 19 mar (EFE).- A Venezuela se mantém em alerta pelo risco de ter como vizinho o Brasil, um ano após o fechamento parcial das fronteiras comuns, determinado pelo governo de Jair Bolsonaro, devido a alegada "incapacidade" de Nicolás Maduro de conter a propagação do novo coronavírus.

O tempo mostrou, contudo, que os números seguiram baixos no território venezuelano, enquanto no brasileiro permanecem crescendo.

Com o objetivo de evitar um contágio em massa, o governo da Venezuela enfiou uma carta à Organização das Nações Unidas (ONU), no início desta semana, para solicitar uma intervenção no Brasil e o controle da situação, que foi classificada como "tragédia".

O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, apelou ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que faça "urgentes gestões e bons ofícios" junto às autoridades do Brasil, especialmente o presidente Jair Bolsonaro, para que reconheça a gravidade da pandemia e coordene com os países vizinhos ações contra a Covid-19.

O governo venezuelano também disse na carta que a "alarmante dinâmica epidemiológica" no país vizinho é "uma consequência da reiterada negligência criminosa" de Bolsonaro, a quem acusou de ser o "principal obstáculo" para salvar vidas no "pior momento da pandemia".

"O presidente Jair Bolsonaro e seu governo se tornaram o pior inimigo dos esforços nacionais, regionais e internacionais, incluindo aqueles em níveis bilateral e multilateral, para mitigar os efeitos devastadores da pandemia da covid-19 na região de América Latina e Caribe", afirma o texto.

A Venezuela, que não só tem as fronteiras restritas, também já deu suporte ao Brasil, com o envio de 14 mil cilindros de oxigênio para o vizinho, durante a crise que afligiu os estados do Amazonas e Roraima, que ocorreu ao longo do mês de janeiro.

Variante e aumento de casos

No último dia 3, o governo venezuelano alertou para a chegada da variante brasileira do novo coronavírus no país e pediu que a população aumentasse as medidas sanitárias, já que é uma mutação "mais contagiosa e letal".

Coincidindo com o período da detecção da nova variante, houve também um aumento considerável do número de infecções na Venezuela, embora as autoridades não tenham explicado se existe alguma relação entre os fatos.

Isso levou o governo de Nicolás Maduro a endurecer as medidas estabelecidas para impedir a propagação do novo coronavírus, como com a implantação de um "cerco sanitário" nas zonas de maior incidência, especialmente, em Caracas, onde o número de casos vem subindo mais rapidamente do que no restante do país.

Ficaram afetadas, desde a última segunda-feira, as áreas afetadas que estão em estado de emergência, com ordenação da abertura de "novas capacidades hospitalares", por exemplo.

Uma das regiões de maior preocupação do governo venezuelano é o estado de Bolívar, ao sul, na fronteira com o Brasil, onde também foi detectada a variante, o que levou, no início desta semana, à instalação de um hospital de campanha, voltado para o atendimento de pacientes com Covid-19.

A Venezuela registrou, desde o início da pandemia, 148.208 casos de infecção e 1.467 mortes em decorrência da doença, segundo dados oficiais.

O Brasil, por sua vez, de acordo com consórcio de veículos de imprensa do país, contabiliza 11.787.600 positivos e 287.795 vítimas.

De acordo com estes dados, é verificado que na Venezuela 51 pessoas morreram por cada 100 mil habitantes, o representa 0,5% da população, enquanto no Brasil, são 5.518 casos de óbitos para cada 100 mil pessoas, ou seja, 5,5 % do total.