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Venezuela reitera à OPAS que desautoriza vacina da AstraZeneca

25/03/2021 00h00

Caracas, 24 mar (EFE).- A Venezuela enfatizou nesta quarta-feira que não aprovará o uso da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, decisão tomada após a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) ter anunciado que as primeiras doses previstas para o país através do mecanismo Covax seriam desta empresa farmacêutica.

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, disse em pronunciamento que esta decisão foi comunicada à organização em 15 de março, em reunião com o representante da OPAS no país, Paolo Balladelli.

"A nossa comissão científica presidencial decidiu não incluí-la nos esquemas de tratamento na Venezuela, nem nos esquemas de vacinação. Informamos ao representante da OPAS e já está claro que a Venezuela vai escolher, através deste mecanismo (Covax), qual vacina está permitida", disse Rodríguez.

A política comentou que a desaprovação desta vacina na Venezuela se deve aos efeitos produzidos em doentes de outros países.

"Está em todos os meios de comunicação, está em relatórios científicos aos quais a Venezuela teve acesso e, portanto, decidiu comunicar à OPAS", acrescentou, sem especificar a quais relatórios se referia.

Rodríguez acrescentou que o país está "convicto" da sua participação no mecanismo Covax para receber vacinas que não são da AstraZeneca.

Na terça-feira passada, o diretor de emergências sanitárias da OPAS, Ciro Ugarte, confirmou que o pagamento da Venezuela para fazer parte do mecanismo Covax estava em curso e assegurou que as primeiras vacinas plevistas para o país sul-americano seriam as da AstraZeneca, produzidas na Coreia do Sul.

"Ou seja, não são as vacinas que apresentaram potenciais efeitos adversos que foram esclarecidos pela autoridade reguladora na Europa e também pela Organização Mundial da Saúde (OMS)", disse Ugarte.

O acesso ao mecanismo Covax, coordenado pela OMS, tem gerado controvérsia na Venezuela, em meio a alegações do presidente Nicolás Maduro de que não pôde pagar por ele devido a recursos "bloqueados" no exterior, e da insistência da oposição em que as vacinas sejam geridas por agências independentes.

A oposição venezuelana controla parte dos recursos da Venezuela no exterior, especialmente em países como os Estados Unidos, devido ao fato de esses governos não reconhecerem Maduro como presidente e, em vez disso, terem dado o apoio ao opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino.

Na sexta-feira passada, a oposição anunciou, após um debate, que tomaria medidas para solicitar uma licença ao Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC) que permitiria o pagamento de vacinas através do Covax.

De acordo com o opositor José Manuel Olivares, o pagamento será feito diretamente de uma conta do Departamento do Tesouro dos EUA para a OPAS.