Anistia Internacional acusa governo chileno de não ouvir povo nem médicos
"Os movimentos sociais, especialmente após o surto social, gritaram diante das autoridades que isso não era mais suficiente. No entanto, aqueles que protestaram foram recebidos com ouvidos surdos, tremenda repressão e apoio irrestrito às ações ferozes da polícia", declarou a diretora da AI no Chile, Ana Piquer, à Agência Efe.
O Chile viveu no final de 2019 a mais grave crise social desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, que terminou em 1990. Os protestos começaram contra o aumento do preço do bilhete do metrô e se tornou uma revolta por um modelo econômico mais justo e mais direitos sociais.
As revoltas, que terminaram há algumas semanas, deixaram mais de 30 mortos e milhares de feridos, além de acusações de violações de direitos humanos contra as forças de segurança por parte de várias organizações, como a própria Anistia Internacional e as Nações Unidas.
Para a AI, que nesta quarta-feira publicou um relatório sobre os direitos humanos em cada um dos países da região, no Chile se observa que a situação é a mesma ou pior do que há um ano.
"Estamos diante de um governo que age como se nada estivesse acontecendo, que chegou a dizer perante as Nações Unidas que o Chile 'voltou ao normal' após o surto social, que reitera discursos que equiparam indevidamente protesto e crime, e que persiste em tratar as violações generalizadas dos direitos humanos como se fossem casos isolados", acrescentou Piquer.
A "surdez" do governo de Sebastián Piñera, segundo a agência, também chegou à gestão da pandemia, que vive o momento mais duro no Chile, com recorde de infecções, mais de 83% da população confinada e hospitais à beira do colapso, apesar do sucesso da campanha de vacinação.
A crise sanitária, que já causou mais de 1 milhão de infecções em um ano e mais de 30 mil mortes, entre casos confirmados e suspeitos, destacou as desigualdades e a situação de vulnerabilidade em que vive a maioria das pessoas. "O Chile está enraizado em um sistema que é verdadeiramente destrutivo para os mais marginalizados", comentou a diretora da AI no Chile.
"Se o governo nunca tivesse reconhecido o colapso do sistema de saúde que vários hospitais públicos em áreas mais populosas e que servem as pessoas mais pobres, teria sido difícil para eles se prepararem adequadamente para a nova onda de contágio que estamos vendo hoje", acrescentou.
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