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Oxigênio, leitos de UTI e vacinas são desafios para novo governo peruano

07/04/2021 20h25

Carla Samon Ros.

Lima, 7 abr (EFE).- Em um cenário de falta de oxigênio, saúde pública negligenciada há décadas e uma campanha de vacinação que caminha lentamente, o novo governo do Peru, que será definido nas eleições do próximo domingo, terá a gestão da pandemia de covid-19 como um dos desafios mais urgentes para serem resolvidos.

Mais de 25 milhões de peruanos irão às urnas para eleger o novo presidente enquanto o país vive uma segunda onda da pandemia. Desde o ano passado, a doença provocada pelo novo coronavírus foi apontada como provável causa de 83 mil mortes no Peru pelo governo. Já a Universidade Johns Hopkins, que compila dados de covid-19 em todo o mundo aponta que o número de óbitos no país é de 53 mil.

A escassez de oxigênio médico e leitos em unidades de terapia intensiva (UTI) piorou, à medida que as autoridades lutam, sem sucesso, para fechar acordos com laboratórios e iniciar a campanha de vacinação contra o vírus.

Durante um período mais ameno da crise, entre os meses de agosto e dezembro do ano passado, as ações públicas para combater a segunda onda foram praticamente inexistentes, e as medidas promulgadas para coibi-lo, insuficientes.

Godofredo Talavera, presidente da Federação Médica Peruana (FMP), disse à Agência Efe que a situação epidemiológica do país é "lamentável".

"Não reativamos o primeiro nível de atenção, e a quarentena 'light' que este governo fez (do presidente transitório Francisco Sagasti) não serviu para nada", afirmou.

A expectativa de Miguel Palacios, reitor da Faculdade de Medicina do Peru, é de haver uma terceira onda, com aumento de casos em meados de maio e com 100% dos contágios pela variante P-1, detectada primeiro no Brasil.

De acordo com ele, se nos próximos meses não houver um aumento de 30% nos leitos de UTI, a mortalidade da terceira onda será maior, e o colapso da saúde, pior.

O presidente que vencer as eleições tomará posse no dia 28 de julho com o grande desafio de reverter esta crise sanitária, que se soma aos enormes prejuízos econômicos que resultaram em 2020 na pior recessão em 30 anos.

A outra grande ponta solta é a compra de vacinas e a campanha de imunização, que avança lentamente e com percalços.

No início de fevereiro, o país recebeu seu primeiro lote de vacinas, de 1 milhão de doses da fabricada pela farmacêutica chinesa Sinopharm. Quase dois meses depois, ainda há cerca de 20 mil médicos a serem vacinados, dos mais de 76 mil registrados em todo o país.