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A acirrada campanha eleitoral peruana em 11 frases

10/04/2021 01h10

Fernando Gimeno.

Lima, 9 abr (EFE).- Com 18 candidatos de diversas ideologias políticas concorrendo à presidência do Peru nas eleições do próximo domingo (11), algumas frases memoráveis foram ditas ao longo da campanha e ganharam ampla repercussão entre os eleitores.

Diante de um eleitorado cético, cansado de sua classe política, os principais candidatos tentaram se destacar em uma disputa acirrada e indefinida com posicionamentos que vâo desde o apoio a métodos sem embasamento científico para combater a covid-19 até palavras inventadas, gafes cômicas e opiniões desagradáveis sobre a eutanásia.

YONHY LESCANO: "NÃO FAZ MAL (COMBATER A COVID-19 COM AGUARDENTE)".

Oriundo da região andina de Puno, no sul do país e na fronteira com a Bolívia, o candidato de centro-esquerda Yonhy Lescano, do partido Ação Popular, apoiou e incentivou a medicina popular contra a covid-19, com soluções sem embasamento científico como beber "cañazo" (aguardente).

HERNANDO DE SOTO: "FUI ASSESSOR DE DITADORES, MAS ISSO É IRRELEVANTE".

Antes de se vacinar, em segredo, contra a covid-19 nos Estados Unidos com um imunizante oferecido de forma gratuita pelo governo americano e depois defender que apenas empresas privadas realizassem a vacinação em seu próprio país, o economista Hernando De Soto, candidato do partido neoliberal de direita Avança País, minimizou o fato de ter sido assessor econômico do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) e do ditador líbio Muhammar Kadafi.

KEIKO FUJIMORI: "O QUE OFEREÇO É UMA 'DEMODURA".

Depois de anunciar que concederia indulto a seu pai, o ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que cumpre pena de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade, Keiko Fujimori enfatizou sua proposta autoritária ao prometer aos peruanos uma "demodura", um neologismo que se refere a uma mistura de "democracia com um punho de ferro" e que é o slogan de sua campanha.

GEORGE FORSYTH: "NÃO PRECISAMOS DA 'MESMOCRACIA".

"Mesmocracia" é a palavra que foi cunhada por George Forsyth, ex-goleiro do Alianza Lima e da seleção peruana de futebol, agora candidato de centro-direita pelo partido Vitória Nacional, para definir o resto dos seus adversários, que têm uma carreira política mais longa que a dele. Aos 38 anos, o ex-atleta entrou na disputa presidencial depois de ter sido prefeito do distrito de La Victoria, em Lima, durante menos de dois anos.

JULIO GUZMÁN: "SOU UM CANDIDATO QUE QUEIMA ETAPAS".

Foi assim que se definiu Julio Guzmán, candidato presidencial do partido liberal Morado, durante uma entrevista ao programa La Encerrona, da rádio "Stereo 88". A frase foi, inevitavelmente, relacionada com o incidente em que ele foi visto fugindo de um incêndio em uma casa onde teve um encontroso amoroso, um fato que afetou gravemente sua reputação.

CÉSAR ACUÑA: "VOU TRAZER A PANDEMIA, CUSTE O QUE CUSTAR".

Famoso por seus já frequentes lapsos na hora de falar, o empresário César Acuña, do partido de direita Aliança para o Progresso (APP), prometeu trazer, a qualquer preço, "mais pandemia" para o Peru, quando em realidade queria se referir às vacinas contra a covid-19.

DANIEL URRESTI: "VAMOS DAR UM SALTO QUÂNTICO EM EDUCAÇÃO".

Durante o debate eleitoral, o ex-ministro e general reformado do exército Daniel Urresti, candidato pelo partido populista de direita Podemos Peru, defendeu uma mudança radical na educação com um salto "quântico", ou seja, em uma escala atômica, já que a mecânica quântica estuda as menores partículas do universo.

LÓPEZ ALIAGA: "SE VOCÊ QUER SE MATAR, PULE DE UM EDIFÍCIO".

Especialista em frases polêmicas e em insultos, o candidato de ultradireita Rafael López Aliaga, membro da Opus Dei e declarado "pró-vida" por ser contra o aborto, recomendou publicamente que Ana Estrada, primeira pessoa a quem o sistema judiciário peruano concendeu o direito à morte através da eutanásia, pulasse de um prédio para se suicidar.

Estrada está paralisada e sofre de uma grave doença degenerativa que a impede de realizar quase todos os movimentos.

LÓPEZ ALIAGA: "ESTOU APAIXONADO PELA VIRGEM MARIA".

Em outro momento da campanha, López Aliaga explicou que é celibatário há 40 anos porque está apaixonado pela Virgem Maria e, para reprimir as tentações, usa um cilício - instrumento de mortificação corporal que conta com "espinhos de metal" - em sua própria pele de 10 a 20 minutos por dia.

SACERDOTE ESPANHOL: "FREIRAS FAZENDO CAMPANHA PARA VERÓNIKA MENDOZA, CHEGAMOS A ESSE PONTO...".

O padre espanhol Jaime Ruiz del Castillo, vigário da Prelazia de Moyobamba, na Amazônia peruana, ficou conhecido por pedir aos paroquianos que votassem em López Aliaga e por lamentar que haja católicos que votem na candidata de esquerda Verónika Mendoza, do partido Juntos pelo Peru, que defende a descriminalização do aborto.

NELDY MENDOZA: "AVÓS TERRORISTAS".

Durante a campanha eleitoral, vídeos de palestras antigas da candidata à vice-presidência pelo partido ultraconservador de López Aliaga, Neldy Mendoza, viralizaram. Nos discursos gravados, ela defende a virgindade como o melhor método contraceptivo e adverte que se ensinarem às mulheres que o menos importante é ser mãe, elas se tornarão "avós terroristas para seus netos".